Print this page
Nov
22
2022

Negros são mais afetados por desigualdade socioeconômica e violência

Passados 134 anos da abolição da escravatura e 327 anos da morte de Zumbi dos Palmares, é preciso seguir por igualdade e pelo direito à existência plena 

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE divulgou, em novembro, os resultados do estudo “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”. A pesquisa expressa as consequências de um passado colonial e escravocrata, centrado no mandonismo, autoritarismo e racismo: em 2021, a proporção de pessoas pobres no país era bem maior entre as pessoas pretas (34,5%) e pardas (38,4%) do que entre as brancas (18,6%).

Pessoas pretas e pardas são as mais impactadas pela crise econômica, que resultam em desemprego, atividades precarizadas e informais, perda do poder aquisitivo, menores salários e condições de vida mais vulneráveis. Quando a referência é a linha da extrema pobreza (US$ 1,90 diários ou R$ 168 mensais per capita), os dados revelam que a incidência desta situação é praticamente o dobro entre pretos e pardos da verificada entre brancos: 9% da população preta e 11,4% dos que se autodenominam pardos encontram-se em estado de 'extrema pobreza', enquanto isso ocorre com 5% da população branca.

Além dos indicadores divulgados pelo IBGE, a pesquisa “Pele alvo: a cor da violência policial”, da Rede de Observatórios da Segurança do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), mostra que, em 2020, uma pessoa negra foi morta a cada quatro horas pela polícia de seis dos sete estados monitorados pela entidade, a saber: Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Acesse o documento em https://cesecseguranca.com.br/wp-content/uploads/2021/12/RELATORIO_REDE-DE-OBS_cor-da-violencia_dez21_final.pdf

"Negros são os que mais morrem em ações policiais, independentemente do tamanho da população negra do lugar", como denunciam os pesquisadores à frente do projeto. O relatório adverte sobre a construção de um imaginário que associa a negritude à criminalidade, muitas vezes legitimado pelos agentes do Estado. O trabalho soma esforços às demais ações antirracistas empreendidas por setores da sociedade civil, de movimentos populares e sociais para reivindicar direitos e políticas públicas que reduzam a desigualdade entre negros e brancos no país - longo caminho a percorrer. 

Há quem minimize a importância de 20 de novembro no calendário nacional - data que faz referência à morte de Zumbi dos Palmares e que foi instituída, em 2011, como o dia da Consciência Negra. Ainda que passados 134 anos da abolição da escravatura e 327 anos da morte da referida liderança quilombola - é preciso seguir em resistência, ir às ruas por igualdade e pelo direito à existência plena.

Como dito por Sueli Carneiro – filósofa, escritora, intelectual, ativista antirracista e feminista – em discurso durante a cerimônia que lhe outorgou o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade de Brasília (UnB), "mulheres e homens negros clamam por um novo pacto civilizatório que desaloje os privilégios consagrados de gênero e raça que o experimento colonial forjou em todas as dimensões da vida social".

Andes-SN na luta antirracista

Nesse sentido, por meio do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, questões Étnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do Sindicato Nacional, o Andes-SN tem se mobilizado na luta antirracista e na defesa das cotas (Lei 12.711). Aprovou o Dia de Luta contra o Racismo nas IES e, durante o 63º Conad, em 2018, elaborou e publicou a Cartilha contra o Racismo, e compartilhou em suas mídias a história de mulheres negras que lutaram pela igualdade de gênero, pelo fim da escravidão no país e por equidade racial, entre outras ações. Acesse aqui a Cartilha contra o Racismo: https://www.andes.org.br/diretorios/files/Bruna%20PDF/1/5710b9f62bc1cf031ab0ba3349a832cd_1573503186.pdf

 

Additional Info