Nov
18
2022

Reitoria da UFRJ realiza votação controversa de projeto que cede terreno da instituição à iniciativa privada

“Movimento UFRJ não está à venda” publica nota crítica à administração central da UFRJ e diz que processo foi autoritário, desmedido e apressado

 

Da Redação da UFF

Na manhã do dia 17 de novembro, o Conselho Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Consuni – aprovou de forma controversa o "Projeto de Valorização do Patrimônio da UFRJ”. A medida cede 15 (quinze) mil m² do Campus da Praia Vermelha para a construção de uma casa de shows privada, por um período de no mínimo 30 (trinta) anos e, em contrapartida, a empresa que terá a administração do antigo Canecão precisará garantir a edificação de um novo restaurante universitário e um espaço para até 80 salas de aulas.

No entanto, como denuncia o “Movimento UFRJ não está à venda”, a votação ocorreu de forma autoritária pela reitoria. Em nota, o movimento - formado por Sintufrj, Andes-SN e DCE Mário Prata -  disse que por diversas vezes alertou a reitoria que um tema sensível como tal “exigia mecanismos de democracia participativa, como audiências públicas e plebiscitos com a comunidade, dentre outras formas de debate”. A mesma nota disse que o CFCH – Centro de Filosofia e Ciências Humanas - foi o único centro que conseguiu, no tempo tão curto em que essa discussão foi levada ao CONSUNI, realizar uma consulta à sua comunidade e cerca de 90% disse NÃO ao projeto. Leia a íntegra em https://www.instagram.com/p/ClGyegnLrnX/?igshid=YzdkMWQ2MWU=

De acordo com a professora Marinalva Oliveira, uma das integrantes do “Movimento UFRJ não está à venda”, o processo foi conduzido pela reitoria de forma atropelada, desrespeitosa com servidores e estudantes da instituição.

“A Reitora [Denise Pires de Carvalho] colocou em votação o projeto e contou apenas os votos favoráveis; não contou os contrários e nem as abstenções, alegando que não tinha condições para tanto. Depois, encerrou a sessão de forma autoritária", explicou a professora Titular da Faculdade de Educação e ex-presidente do Andes-SN.

Segundo ela, os parlamentares Glauber Braga e Flávio Serafini (Psol) acompanharam o Consuni do dia 17 e se manifestaram contra a medida. Apresentaram alternativas ao Projeto da Reitoria. Braga propôs emendas de bancadas, a partir de 2023, que poderiam garantir a construção do restaurante universitário e das salas de aulas. Serafini se comprometeu em viabilizar, por meio de Projeto de Lei, fundos da Alerj – Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro para a construção de um centro cultural (Canecão). “Isso tudo sem ceder o terreno da Universidade; seria com o fundo público, nos valores propostos pelo projeto da reitoria. Então, o que estava definido, tem sim decisão da reitoria e daqueles que votaram com ela, de privatizar parte da UFRJ”, disse a docente.

Para Marinalva, a atitude apressada da reitoria da UFRJ para votar/aprovar o referido projeto, não considerou que faltam menos de dois meses para a transição de um novo governo federal, e que estão em debate a questão orçamentária do país e uma provável a revogação da Emenda Constitucional 95 [a do teto dos gastos públicos]. “Ela [Reitora] estava com muita pressa, que sequer pôde esperar o novo governo e a recomposição do orçamento para as Universidades", criticou Marinalva. "Foi um processo autoritário e desmedido", disse.

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira
Fotos da sessão do CONSUNI/ Luiz Fernando Nabuco

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