Set
27
2022

'Granada' de Guedes perdurou 4 anos: Bolsonaro encerrará gestão sem conceder reajuste a servidores

"Nós já botamo a granada no bolso do inimigo", disse no início da pandemia o principal ministro do presidente Bolsonaro, que tenta a reeleição e enviou ao Congresso proposta orçamentária para 2023 que mantém quase toda a defasagem salarial

 

Da Redação da Aduff

Numa reunião ministerial do governo Bolsonaro no dia 22 de abril de 2022, o ministro Paulo Guedes, da Economia, comemorou o que relatou como uma vitória: "Essa confusão toda, todo mundo achando que nós estamos distraídos, e já botamo a granada no bolso do inimigo: dois anos sem aumento salarial". 

O superministro do presidente Jair Bolsonaro se referia às servidoras e servidores públicos federais e aos dois anos de desrespeito do governo Bolsonaro à data-base da categoria. A "confusão" mencionada é a pandemia da covid-19, que estava apenas começando no Brasil, com 154 óbitos registrados oficialmente até a véspera daquele dia.

O ministro da Economia não sabia que a gravação da reunião seria divulgada publicamente cerca de dois meses depois, por uma decisão do Supremo Tribunal Federal em decorrência das denúncias de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal para proteger os seus filhos de investigações em torno de evidências de atos de corrupção. 

Os sindicatos e os servidores conseguiram barrar a tentativa do governo de, em plena pandemia, reduzir nominalmente as remunerações dos servidores em 20%. Mas a  'granada' de Guedes perdurou e marcará os quatro anos desta gestão de extrema-direita: Bolsonaro encerrará o mandato em 31 de dezembro de 2022 como o primeiro presidente desde a redemocratização do país a não conceder um único reajuste salarial sequer aos servidores civis da União - aumento, somente para os militares. 

Com isso, subtraiu quase um terço dos salários da categoria - corroídos por uma elevada inflação acumulada que deverá alcançar quase 30% até o final do ano. Na previsão orçamentária que enviou ao Congresso Nacional para 2023, reservou recursos suficientes apenas para um possível reajuste linear de cerca de 4% - indicando que, se depender do atual presidente, os servidores levarão o calote em relação a maior parte dos 30% das remunerações engolidas pela inflação. 

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

 

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