Mai
13
2022

Servidores protestam em Brasília, defendem negociação e afirmam haver recursos para além de 5%

Aduff participou do ato da campanha salarial pela recomposição de 19,99%, que também repudiou ameaça contra a Petrobrás 

 

O diretor da Aduff Rafael Dias, no ato em Brasília O diretor da Aduff Rafael Dias, no ato em Brasília / Valcir Araujo

Não havia dinheiro. Agora admite-se que há, mesmo que em patamares bem inferiores ao pretendido pelos trabalhadores. O que não existia para atender à devida recomposição dos salários das servidoras e servidores públicos federais começa aparecer. Foi o que afirmaram manifestantes durante o ato público em frente ao Ministério da Economia, no prédio que abriga o gabinete do ministro Paulo Guedes, na tarde da quinta-feira, dia 12 de maio de 2022. 

A Associação dos Docentes da UFF (Aduff-SSind) e o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) participaram do ato em Brasília. O professor Rafael Dias, da UFF em Volta Redonda, ressaltou a importância de unir forças para combater um governo que se mostra inimigo dos serviços públicos e dos direitos da classe trabalhadora. "É um governo contra os trabalhadores da educação e antidemocrático, [estamos aqui] para pedir reajuste e valorização da educação pública", disse, durante o ato - que teve a presença dos docentes que participavam do "Encontro das Universidades, Institutos Federais e Cefets em Luta Contra as Intervenções", realizado pelo Andes-SN.

Os manifestantes fizeram uma referência à anunciada intenção do governo Bolsonaro de conceder reajuste linear de 5% a todo o funcionalismo federal, incluindo servidores ativos e aposentados. Embora não atenda à pauta reivindicada pelos trabalhadores, é um recuo do governo, após, em dezembro passado, o presidente Jair Bolsonaro anunciar que preparava um reajuste restrito aos salários de servidores da segurança pública.

O ato convocado pelo Fonasefe, o Fórum Nacional dos Servidores Federais, reuniu representantes de diversos setores do funcionalismo. "O dinheiro que até então não existia, mas que cada um aqui de nós sabe que existe, já começa a aparecer", disse a servidora e dirigente sindical Luciana Carneiro, do Judiciário Federal. "Se fizermos mais pressão, vai aparecer de fato o quanto eles estão escondendo", afirmou.

Petrobrás

Servidores também mencionaram os altos lucros alcançados pela Petrobrás com a sua política de atrelamento automático aos preços do mercado internacional. Estes recursos, afirmaram, são destinados pela União, principal acionista da estatal, para finalidades que nada tem a ver com as necessidades da população, como fundos eleitoral e partidário ou mesmo a compra de votos e de apoio no Congresso Nacional - além da redistribuição dos lucros para grandes acionistas privados.

A crítica foi também uma referência à declaração do ministro Paulo Guedes, naquele mesmo dia, favorável à privatização total da Petrobrás - proposta que, ao que parece, teria motivado a nomeação de Adolfo Sachsida para o Ministério das Minas e Energia, no lugar de Bento Albuquerque.

Judiciário e Legislativo

Faz poucos dias, o Supremo Tribunal Federal respondeu favoravelmente a uma consulta da Casa Civil sobre 'adotar o reajuste linear de 5% sobre os salários dos servidores do PJU', assim como o Ministério Público da União. 

O mesmo ocorreu com o Legislativo, cuja Presidência do Senado também devolveu ofício ao governo afirmando ser favorável e haver recursos para isso.

Luta pelos 19,99%

Os servidores defendem reajuste salarial de 19,99%, índice que corresponde à inflação acumulada nos três primeiros anos do governo Bolsonaro. Na véspera do ato desta quinta em Brasília, o IBGE havia divulgado que a inflação em abril ultrapassou a marca de 1%, constituindo-se na mais alta em 26 anos. 

A previsão do próprio Banco Central é que a inflação acumulada em 2022 atinja perto de 7,5% - índice que tende a ser ainda mais alto e pode elevar as perdas dos servidores nos contracheques a cerca de 30%, caso o congelamento salarial não seja derrubado.

Novos atos

A próxima data de mobilização da campanha salarial do funcionalismo está prevista para 19 de maio, quando devem acontecer atos e outras atividades nos estados. Também estão previstas mobilizações para a semana seguinte, 25 de maio. 

A Aduff convocou assembleia geral docente na Universidade Federal Fluminense para a terça-feira (17), na Faculdade de Educação, no Gragoatá. Será a primeira assembleia presencial desde o início da pandemia da covid-19, em março de 2020.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

 

O diretor da Aduff Rafael Dias, no ato em Brasília O diretor da Aduff Rafael Dias, no ato em Brasília / Valcir Araujo

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