Mai
04
2022

Aduff se soma às vozes por justiça e pergunta “Cadê os Yanomami?”

A diretoria da Aduff-SSind se soma a tantas e tantas vozes que reivindicam apuração das denúncias de estupro e morte de uma menina indígena e repudia a invasão das terras indígenas e todas as políticas implementadas e apoiadas pelo governo Bolsonaro de genocídio dos povos indígenas e de expulsão de suas terras

 

Uma menina de 12 anos foi estuprada e morta. Outra criança de 3 anos foi jogada no rio. Depois das denúncias dos crimes praticados pela atuação ilegal do garimpo na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, toda uma comunidade de 24 indígenas desapareceu (ou teve que desaparecer) em Aracaçá. As casas foram abandonadas e queimadas.

Lideranças indígenas denunciam a omissão da Funai, sabotada pelo Governo Bolsonaro, e o clima de terror e medo imposto por garimpeiros, que inclusive teriam tentado comprar o silêncio da comunidade com ouro. Longe de ser um episódio isolado de violência contra os povos indígenas, o caso evidencia mais de 500 anos de genocídio e invasão das terras indígenas,

Só em Roraima, estima-se que mais de 20 mil garimpeiros estejam atuando de forma ilegal em território homologado, levando contaminação, fome, doenças, exploração sexual e morte na Terra Indígena Yanomami.

O caso ganhou repercussão nacional e tem mobilizado lideranças indígenas, movimentos sociais, autoridades, políticos e artistas, que demonstraram apoio à causa nesta terça (03), repercutindo a situação nas redes sociais com a hashtag #CADÊ OS YANOMAMI".

“A nossa dor é como se não tivesse importância nesse país. Mais de 500 anos sofrendo depois da invasão da nossa terra e que nunca parou. Uma comunidade inteira sumiu (ou teve que sumir), após denunciarem que garimpeiros estupraram até a morte uma criança de 12 anos e jogaram outra criança, de 3 anos no Rio. Cadê os Yanomami?”, perguntou Sonia Guajajara, coordenadora nacional da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, a APIB.

A denúncia do assassinato das crianças e do estupro de uma delas foi feita pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami. Ao jornal Brasil de Fato, o presidente da Codisi-Y narrou o clima de terror e coação na região, que dificulta a investigação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. “Percebi que as comunidades estavam com muito medo”. Percebemos que os Yanomami foram bem orientados pelos garimpeiros para não relatar essa morte da adolescente”.

Júnior Heruki Yanomami apontou que a falta de "indícios" dos crimes pode estar na prática de rituais de cremação pelos Yanomami. Destacou ainda que a queima das casas também pode fazer parte dos rituais. “Após a morte de um ente querido a comunidade (...) é queimada e todos evacuam para outro local”, escreveu Júnior Hekurari Yanomami.

A comunidade de Aracaçá fica na região de Waikás, uma das áreas mais devastadas pelo garimpo ilegal. O relatório “Yanomami Sob Ataque”, produzido pela Associação Hutukara, aponta que a Aracaçá está “em vias de desaparecimento” por causa da desagregação social provocada pela atividade.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a apuração sobre as denúncias seguem em andamento. “Mais informações apenas serão divulgadas quando da conclusão dos trabalhos. A partir do término da investigação, o MPF analisará as medidas cabíveis”, escreveu o órgão.

A diretoria da Aduff-SSind se soma a tantas e tantas vozes que reivindicam apuração das denúncias de estupro e morte de uma menina indígena e repudia a invasão das terras indígenas e todas as políticas implementadas e apoiadas pelo governo Bolsonaro de genocídio dos povos indígenas e de expulsão de suas terras.

 

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