Nov
22
2021

Em nota, Aduff diz "basta de chacinas" e repudia mais uma ação violenta e seletiva do Estado do Rio contra moradores de favelas

"O Estado que subiu a favela para o confronto com mortes é o mesmo que se omite para a retirada dos corpos", denuncia diretoria da Aduff. Uma operação da Polícia Militar realizada neste domingo (21) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), deixou um rastro de mortes com pelo menos 8 corpos já retirados de dentro de um manguezal (e a estimativa de pelo menos 20 pessoas assassinadas), na comunidade de Palmerinha

Familiares e moradores retiram corpos do manguezal, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo Familiares e moradores retiram corpos do manguezal, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo / Reprodução das redes sociais

Uma operação da Polícia Militar realizada neste domingo (21) no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), deixou um rastro de mortes com pelo menos 8 corpos já retirados de dentro de um manguezal ( e a estimativa de pelo menos 20 pessoas assassinadas), na comunidade de Palmerinha. A Polícia Militar entrou na comunidade após a morte do sargento da PM Leandro Rumbelsperger da Silva, do 7°BPM (São Gonçalo), assassinado por traficantes.

Moradores denunciam a ação como chacina por vingança pela morte do policial e relatam execuções, tortura e muito medo em áudios e vídeos que circulam nas redes sociais. Foram os próprios familiares de vítimas e moradores que retiraram os corpos do manguezal. Somente às 11h desta segunda-feira (22), quase 15 horas após as mortes, agentes da Delegacia de Homicídios da PM chegaram ao local para fazer a perícia dos corpos.

A associação de moradores do Salgueiro, por nota, denunciou que o Corpo de Bombeiros se recusou, desde domingo (21) a retirar vítimas que estão dentro do terreno pantanoso - quando ainda havia esperanças de encontrar pessoas feridas, mas com vida. Entidades da sociedade civil exigem apuração rígida e imediata de mais uma ação absurda contra pessoas pobres, negras e faveladas, somente um dia após o 20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.

Veja abaixo a nota da diretoria da Aduff sobre o caso:

 

MAIS UMA CHACINA EM UMA FAVELA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO!

Mães estão retirando da lama, no mangue, os corpos dos seus Filhos, contando somente com a solidariedade de moradores.

O Estado que subiu a favela para o confronto com mortes é o mesmo que se omite para a retirada dos corpos.

A ADUFF, mais uma vez, NÃO VAI SE OMITIR e, por meio desta Nota,

A ADUFF DIZ: BASTA DE CHACINAS NAS FAVELAS!

Além da dramaticidade e do Terror vivenciado pelos moradores, durante a madrugada, as cenas que estão sendo exibidas/ noticiadas são também textos- imagens. Elas estão plasmadas nas mentes de quem está acompanhando (em especial, as crianças do Complexo do Salgueiro), e tendem a demonstrar a naturalização de uma metodologia de ação violenta, visto que, tal como aconteceu em outra chacina recente, a de hoje guarda uma cruel semelhança com a do Jacarezinho:  ocorreu após a morte de um policial na Comunidade!

Foi  vingança? A "vingança do Estado" é um costume, ou seja, um Direito consuetudinário, concomitante ao Direito normativo? Ou é uma pedagogia que faz emergir um código/método de conduta paralelo?

A ADUFF VEM REPUDIAR MAIS UMA AÇÃO VIOLENTA E SELETIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CONTRA OS MORADORES DE FAVELAS.

Diretoria da ADUFF

Familiares e moradores retiram corpos do manguezal, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo Familiares e moradores retiram corpos do manguezal, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo / Reprodução das redes sociais

Additional Info

  • compartilhar: