Out
07
2021

Servidores levam geladeira com ossos e 'dólares com sangue' a ministério para denunciar Guedes e a PEC-32

Ato reuniu representações de servidores de vários estados do país e estudantes para denunciar milhões de Paulo Guedes em paraíso fiscal no exterior e a 'política genocida de fome e mortes' de Bolsonaro

A presidente do Andes-SN, Rivânia Moura, fala no ato em frente ao Ministério da Economia A presidente do Andes-SN, Rivânia Moura, fala no ato em frente ao Ministério da Economia / Valcir Araujo

DA REDAÇÃO DA ADUFF

"Parasita é você", disseram servidores públicos e estudantes em frente ao Ministério da Economia, em Brasília, na manhã desta quinta-feira (7). Referiam-se ao ministro Paulo Guedes, que já chamou assim o funcionalismo, o que hoje nega que tenha dito, apesar das gravações que provam o contrário. Afirmaram ainda que o superministro do governo de Jair Bolsonaro é autor de uma proposta de 'reforma' Administrativa (PEC-32) que abre caminho para a corrupta prática da 'rachadinhas' nos serviços públicos. 

Tudo isso sob muito barulho e uma 'chuva de dólares', 'cédulas' manchadas de sangue e que traziam o rosto do ministro estampado - além da exposição de uma geladeira com ossos bovinos e as frases escritas à mão: Fora Bolsonaro, Fora Guedes. A miséria não acaba porque dá lucro. Não à PEC 32". A manifestação ocorre na quarta semana consecutiva de mobilizações dos servidores em Brasília contra a 'reforma' Administrativa, que o governo tenta aprovar no Plenário da Câmara.

A professora Rivânia Moura, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Nível Superior (Andes-SN), disse que o protesto denunciava um governo responsável por centenas de milhares de vidas perdidas na pandemia. "Estamos denunciando uma política econômica que tem deixado milhares e milhares de brasileiros passando fome, enquanto Paulo Guedes mantém o seu paraíso fiscal, com dólar sujo de sangue do povo brasileiro, com o dólar sujo de sangue das mais de 600 mil vidas que foram ceifadas pela falta de gestão da pandemia. Queremos dizer para o Paulo Guedes, que chamou o servidor público do parasita, que o parasita é ele, que faz o paraíso fiscal com o nosso dinheiro", criticou.

A manifestação começou bem próximo dali, no Espaço do Servidor, também na Esplanada dos Ministérios. Na véspera, a Câmara dos Deputados aprovou por 310 votos a 142 convocar Paulo Guedes - assim como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que igualmente possui uma empresa offshore no Caribe -, a comparecer ao Plenário para explicar por que mantém, em dólares, quase R$ 51 milhões na conta de uma empresa aberta num paraíso fiscal no Caribe. 

No Brasil, pessoas que ocupam cargos públicos como os deles estão proibidas legalmente de manter investimentos assim. A revelação indesejada decorre da investigação jornalística que deu origem à série de reportagens "Pandora Papers", iniciada no dia 3 de outubro. Colaboração jornalística com cerca de 600 profissionais em mais de 100 países organizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos, envolve milhares de empresas offshores e se desenvolve a partir de dados entregues por fonte anônima.

"É uma denúncia e um escracho do Paulo Guedes, que é o verdadeiro parasita. Quem lucra milhões de reais com a desvalorização do real nas suas offshores enquanto o povo passa fome é o mesmo Paulo Guedes que quer aprovar uma reforma Administrativa que arrasa com os direitos da população", disse o servidor Fabiano dos Santos, que integra a coordenação do Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe).

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

A presidente do Andes-SN, Rivânia Moura, fala no ato em frente ao Ministério da Economia A presidente do Andes-SN, Rivânia Moura, fala no ato em frente ao Ministério da Economia / Valcir Araujo

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