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Out
05
2021

Setores burgueses mantém apoio ao presidente porque apostam na destruição dos direitos sociais, diz docente da UFRJ

Roberto Leher comentou o ascenso do conservadorismo no país, o apoio de cerca de 20% dos brasileiros a um projeto de poder neofacista e ainda a vulnerabilidade da população diante da situação econômica. Veja aqui: https://youtu.be/KNeK3Q1TOqE?t=9229

Mil dias que parecem mil anos. Foi assim que o professor e pesquisador Roberto Leher, ex-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, considerou o contexto brasileiro diante do governo de Jair Bolsonaro, marcado por tantos retrocessos, ao participar da cobertura conjunta da TV Aduff e do Sindscope no último dia 2 de outubro. Na ocasião, as ruas de diversas cidades e de quase todas as capitais brasileiras foram tomadas pelos atos que exigiam o impeachment de Bolsonaro e defendiam a manutenção de direitos trabalhistas, sociais e dos serviços públicos, ameaçados pela PEC 32, a da reforma administrativa. 

No Rio de Janeiro, a concentração para a manifestação começou na Candelária, de onde partiu em passeata até a Cinelândia, quando representantes de entidades sindicais, movimentos populares e lideranças políticas falaram à população.

Ao acompanhar as manifestações e participar da cobertura ao vivo dos protestos, com a presença dos diretores da Aduff, Claudio Gurgel e Percival Tavares, e ancorada pela jornalista Aline Pereira, Roberto Leher comentou o ascenso do conservadorismo no país, o apoio de cerca de 20% dos brasileiros a um projeto de poder neofacista, tal qual o exercido por Bolsonaro, e ainda a vulnerabilidade da população diante da situação econômica, marcada por milhões de desempregados, trabalhadores na informalidade e gente faminta.  

"Bolsonaro foi capaz de acionar disposição e pensamentos reacionários, que estão em nossa sociedade, muitos de características neofacistas, vinculados ao ódio ao pobre e aos negros, e às diversas formas de amar que a humanidade foi capaz de produzir. Tudo isto denota disposição de pensamentos muito perigosas. Embora o Bolsonaro hoje esteja flutuando entre 25% e 20% e, às vezes, até 30%, dependendo de como a pergunta é feita, é importante destacar que houve uma mudança qualitativa em relação à adesão ao esses valores neofacistas. Isso me preocupa. Isso estava mais difuso e mais pantanoso, e hoje o bolsonarismo é militante. No sentido que a pessoa coloca a bandeira do Brasil e tenta ressignificar isso como um símbolo de apoio ao Bolsonaro. Temos visto isso em cidades pequenas. É triste e preocupante. Existe um germe de movimento que podem assumir características ainda mais perigosas em nosso país. É um tema importante e complexo de se debater", disse o docente.

Para Roberto Leher, setores burgueses mantém apoio ao presidente porque apostam na destruição dos direitos sociais (especialmente a partir da vinculação de recursos púbicos para a saúde, a educação e seguridade social), de liberdade de pensamento, e humanos que estão garantidos pela Constituição de 88. Tais frações burguesas acreditam que Jair Bolsonaro é a pessoa capaz de liderar tal desmonte, segundo o docente da UFRJ. "Quando eles falam em nome de seu CPF, falam que o bolsonarismo é ruim, é antivacina, é negacionista, nos constrange no cenário internacional. Mas quando falam em nome do seu CNPJ, eles defendem as reformas do governo e, portanto, defendem a permanência dele na presidência", disse o docente, mencionando a questão que envolve a PEC 32, a que afeta em cheio a estrutura do Estado ao favorecer a privatização e ao praticamente extinguir a realização de concursos públicos. 

Veja aqui: https://youtu.be/KNeK3Q1TOqE?t=9229

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira

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