Set
22
2021

Luta deteve por mais um dia 'reforma' do governo Bolsonaro, que tenta votá-la nesta semana

Sessões de terça (21) na comissão especial da Câmara foram canceladas; sessão é convocada para esta quarta (22), que terá nova jornada de protestos no DF e nas redes sociais

Mobilização no desembarque do Aeroporto de Brasília, na manhã de terça-feira (21) Mobilização no desembarque do Aeroporto de Brasília, na manhã de terça-feira (21) / Valcir Araújo/Especial para a Aduff em parceria com o Sindscope

DA REDAÇÃO DA ADUFF

A mobilização conjunta dos sindicatos em defesa dos serviços públicos e contra a PEC-32 em Brasília, na terça-feira (21), começou nas primeiras horas da manhã - com um barulhento ato no desembarque do Aeroporto Juscelino Kubitschek: servidores e servidoras avisavam aos parlamentares que chegavam, em coro: "Se votar, não volta". Terminou com a continuidade da mobilização na Câmara dos Deputados, onde mais uma vez prevaleceu o sentimento de que, embora seja uma luta difícil, é possível barrar a 'reforma' com a qual o presidente Jair Bolsonaro tenta impor aos serviços públicos o seu contestado, e internacionalmente ridicularizado nesta semana, modelo de gestão.   

A sessão da Comissão Especial que analisa o mérito da Proposta de Emenda Constitucional 32/2020, convocada para iniciar a votação da matéria, não aconteceu. O deputado federal Arthur Maia (DEM-BA), relator da proposta, também não conseguiu apresentar a terceira versão do seu parecer - como havia anunciado que faria. 

Numa coletiva à imprensa, da qual servidores também participaram, deputados da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Serviços Públicos afirmavam que o governo não tem os 308 votos que precisa no Plenário da Câmara. Caso tivesse, disseram, já teria votado a proposta - a Aduff retransmitiu a coletiva ao vivo (acesso à gravação aqui). Nova sessão na Comissão Especial está marcada para as 16 horas desta quarta-feira, 22 de setembro de 2021 - outra vez com a previsão de início da votação da 'reforma'.

Enquanto o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que no início da tramitação disse que servidor não trabalhava e defendeu demissões, parece estar ocupado demais cuidando das acusações na CPI da Covid que o colocam dentro de um esquema bilionário de fraude na compra de vacinas, o deputado Arthur Lira (PP-AL) segue o mais empenhado guardião da PEC de Bolsonaro. Agora, o presidente da Câmara ameaça levar a proposta direto à votação em Plenário.

Na coletiva dos parlamentares da Oposição, muitos ressaltaram a importância da mobilização em Brasília, nos estados e nas redes sociais. Foram feitas reiteradas referências ao papel exposto pelo presidente da República em Nova Iorque. Bolsonaro foi barrado nos restaurantes por não ter se vacinado e fez um discurso na Organização das Nações Unidas (ONU) no qual voltou a defender o negacionismo e a atacar medidas como a vacinação, assegurada no Brasil pela saúde pública (SUS).

O que tanto deputados quanto servidores estavam a dizer é que é impossível dissociar a 'reforma' Administrativa deste discurso e desse modo de governar. O que ressaltavam é que quem votar na PEC-32 estará, quer admita ou não, votando numa proposta negacionista e autoritária para os serviços públicos no Brasil.

Para ver fotos da mobilização em Brasília na terça-feira (21), clicar aqui

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

Mobilização no desembarque do Aeroporto de Brasília, na manhã de terça-feira (21) Mobilização no desembarque do Aeroporto de Brasília, na manhã de terça-feira (21) / Valcir Araújo/Especial para a Aduff em parceria com o Sindscope