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Ago
27
2021

Em reunião da Aduff com departamentos de Angra e de Rio das Ostras, docentes descartam retorno presencial enquanto pandemia não estiver controlada

Na segunda (30) pela manhã, presidente da Aduff-SSind participa de reunião agendada com o Departamento de Epidemiologia e Bioestatística da UFF

Retomada do Sindicato Itinerante e calendário de reuniões com departamentos e institutos da UFF é parte das ações de mobilizações da diretoria para debater com a categoria a pressão pelo retorno presencial e as condições de trabalho no ensino remoto emergencial. Organização da luta contra o conjunto dos ataques à Educação e aos serviços públicos, como a PEC-32, também integra pauta

Em reunião da Aduff-SSind com o Departamento de Educação e com o Departamento de Geografia e Políticas Públicas da UFF de Angra dos Reis, as e os docentes presentes no encontro frisaram que não há previsão de retorno presencial das aulas enquanto a pandemia da Covid-19 não estiver controlada no Brasil. Principalmente em um momento em que a imunização de docentes e discentes com as duas doses da vacina ainda é baixíssima e que a variante delta, mais transmissível, se espalha rapidamente pelo Estado do Rio de Janeiro.

Apesar do cotidiano das aulas e atividades remotas serem difíceis para estudantes e professores, as e os docentes de Angra dos Reis ainda não veem no horizonte parâmetros para o retorno seguro e nem condições estruturais para isso. Na conversa, realizada na quinta-feira (26) pela manhã, professoras e professores pontuaram que grande parcela do corpo estudantil da UFF de Angra não reside na cidade, o que tornaria inviável um retorno “para ver o que vai dar”, como tem acontecido com as escolas públicas do ensino básico. As aulas retornam, o número de casos de covid-19 aumentam na comunidade escolar as aulas são novamente suspensas.

Não há moradia estudantil em Angra, nem restaurante universitário e sequer ônibus público para deslocamento até o campus da UFF. A situação do ‘busuff’ é uma incógnita, pois já eram escassos antes da pandemia da covid-19 e dos novos cortes no orçamento promovidos pelo governo Bolsonaro e Mourão. “Não podemos submeter nossos alunos a isso. Um retorno imposto e precipitado traria mais prejuízos que benefícios”, ressaltou uma docente. Professores também destacaram condições estruturais das salas de aula, que são pequenas, pouco ventiladas e já em número insuficiente antes da pandemia.

Em situação parecida, as e os professores do Departamento Interdisciplinar da UFF de Rio das Ostras também rejeitaram o retorno às aulas presenciais antes do controle da pandemia da covid-19. Durante a reunião com a presidente da Aduff, docentes de Rio das Ostras destacaram a importância de debater as condições estruturais para o retorno presencial no interior em conjunto com as outras unidades e campi fora de sede, com a realização de um seminário temático, promovido pela Aduff-SSind. A proposição será levada pela presidente da Aduff, Kate Lane Paiva, à diretoria da entidade.

Em Rio das Ostras, o debate sobre as possibilidades de retorno presencial e de condições sanitárias também esbarra nas condições de trabalho e de infraestrutura. Os contêineres alugados pela Universidade - que há anos são insuficientes e funcionam como um “puxadinho” diante da paralisação das obras para construção do prédio físico da Universidade - serão retirados nos próximos dias.

Como substitutivo, a administração da Universidade alugou salas comerciais em um prédio próximo ao campus da UFF, o que significará mais investimento de dinheiro público em espaços privados que não são adequados para a realização das atividades do tripé ensino, pesquisa e extensão na Universidade, especialmente em tempos pandêmicos. A insistência na luta coletiva em defesa de uma UFF pública, gratuita, de qualidade e popular é a única certeza num cenário marcado por tantas incertezas.

Sindicato Itinerante

Neste segundo semestre de 2021, a diretoria da Aduff-SSind está organizando um calendário de visitas para voltar a percorrer as unidades e departamentos da Universidade. A política de visitas, tradicionalmente chamada de “Sindicato Itinerante” visa estreitar a relação entre docentes e a Aduff, pautando os debates que repercutem no cotidiano universitário, na conjuntura e nas condições de trabalho da categoria.

Especialmente durante o período da pandemia da covid-19 no Brasil, a participação nas reuniões está se dando via remoto. Justamente por isso, percorrer as unidades e departamentos da UFF é uma aposta da diretoria da Aduff para reduzir a distância e as consequências do afastamento físico, na construção de ações e mobilizações coletivas de enfrentamento ao conjunto de ataques à Educação e aos serviços públicos e no debate com a categoria sobre as condições para o retorno presencial, quando ele for possível, além das condições de trabalho no ensino remoto emergencial.

De acordo com a presidente da Aduff-SSind, Kate Lane Paiva, o sindicato tem recebido um retorno muito positivo dos departamentos. As reuniões estão sendo marcadas em diálogo com chefes de departamento, as secretarias e as e os integrantes do Conselho de Representantes. Para ela, a atividade é uma forma de reiterar o compromisso e a disposição da Aduff de se fazer presente no cotidiano da categoria e ouvir as e os professores, sobretudo na pauta interna.

Retorno presencial e ataques à Educação pública

“Em um momento em que as unidades da UFF começam a debater um plano de contingenciamento para o retorno presencial e diante da pressão que a gente sabe que existe para a retomada das aulas presenciais mesmo sem o controle da pandemia no Brasil, saber o que as e os docentes têm debatido nos departamentos e colegiados é fundamental para nos prepararmos e nos organizarmos, inclusive diante de possíveis medidas que pressionem para o retorno açodado e de cima para baixo, ressaltando sempre que nossa prioridade é a proteção da vida”, afirma Kate.

A presidente da Aduff também destaca que o assunto, que já foi tema de uma live realizada pelo sindicato, também será pauta de uma assembleia geral da categoria. Ação civil pública proposta pelo MPF pede na Justiça o retorno às aulas presenciais até o dia 18/10 nas Instituições Federais de Ensino Superior do Rio de Janeiro. Enquanto isso, o retorno das aulas no ensino básico tem levado a uma situação caótica nas escolas, com aumento de número de casos de covid-19 entre profissionais da educação e estudantes, que nem sequer foram amplamente imunizados com as duas doses da vacina.

Para a presidente da Aduff-SSind, é essencial aliar o debate do retorno presencial - quando ele for possível - aos debates sobre as condições estruturais de trabalho e de estudo na UFF e do financiamento público da educação pública. “A política neoliberal de desfinanciamento e de precarização da educação pública esteve em vigor nos últimos 30 anos no Brasil e só tem se agravado no governo genocida e inimigo da ciência de Bolsonaro e Mourão. Também não podemos perder de vista que o projeto de estrangulamento orçamentário visa abrir as portas das universidades para as parcerias público-privadas, inclusive utilizando o ensino remoto como trampolim para efetivar a implementação definitiva do EAD, como é o caso do Reuni Digital”, alerta.

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