Dez
02
2020

MEC ignora escalada de casos da covid-19 e determina retomada ao ensino presencial em janeiro

Medida vai na contramão do que pregam os especialistas em saúde pública. Aduff-SSind e o Andes-SN analisam normativa do governo federal e podem judicializar o caso

No momento em que os casos de contaminação por covid-19 voltam a disparar no país, o Ministério da Educação publicou, no dia 1 de dezembro, a portaria 1.030, que determina o retorno às atividades presenciais de ensino nas universidades e afins a partir de 4 de janeiro de 2021. 

A medida vai na contramão do que pregam os especialistas em saúde pública e causou indignação no meio acadêmico. A Aduff-SSind e o Andes-SN já estão mobilizados e em diálogo com suas assessorias jurídicas, estudando a possibilidade de impetrar ação contra a medida do governo Bolsonaro. 

De acordo com a presidente da seção sindical dos docentes da UFF, Marina Tedesco, é preciso que o retorno às atividades presenciais aconteça somente quando houver segurança sanitária para preservar a vida de docentes, discentes, técnico-administrativos e terceirizados.

Na manhã desta quarta-feira 2, o Sindicato Nacional também se manifestou contra a portaria. "A diretoria do Andes-SN considera a portaria coerente com a postura negacionista do governo federal, que durante todo o ano de 2020 trabalhou em favor do vírus e contra a saúde de todos os brasileiros. Nega a ciência e desarma e mina todos os esforços para mitigar a disseminação do vírus em nossa sociedade", diz trecho da publicação q pode ser acessada aqui 

Ensino remoto

A docente alerta que, neste momento, o ensino remoto emergencial é necessário como defesa da vida, e destaca que, conforme o artigo 2º da portaria 1.030 do governo federal, as universidades poderão decidir sobre a utilização de recursos educacionais digitais para integralização da carga horária das atividades pedagógicas. 

"Temos muitas críticas ao ensino remoto emergencial que foi implementado na UFF, posto que ele não foi baseado em pesquisas, tampouco houve discussão com a democracia e o tempo necessários e carece de avaliações adequadas do que está sendo o processo. Não obstante, neste momento o que se coloca é a manutenção da universidade de forma remota ou a ampliação do genocídio empreendido pelo governo federal (com o apoio de muitos governos estaduais e municipais) no país. E nós sempre estaremos em defesa da vida", argumenta Marina Tedesco.

Para ela, a portaria 1.030 também é parte da estratégia política do governo federal. "Trata-se de um governo genocida e sórdido. Ele lança uma 'bomba' como essa e até setores críticos ao ensino remoto ou híbrido como política permanente se veem obrigados a se posicionar para defendê-lo de forma emergencial. Com isso, as modalidades de ensino a distância como um projeto defendido pelo governo e instituições internacionais saem fortalecidas", considera a presidente da Aduff. 

Em reunião do Conselho Universitário realizada hoje, dia 2 de dezembro de 2020, o Reitor da Universidade Federal Fluminense, Antonio Claudio da Nóbrega, afirmou que a universidade não irá retornar de forma presencial em janeiro. Em breve, matéria com cobertura detalhada da reunião do CUV.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira

 

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