Print this page
Out
22
2020

Fórum de Servidores vê interesses privados na exclusão de página contra 'reforma' administrativa pelo Facebook

Página administrada pelo Fonasefe, fórum do qual o Andes-SN e a Aduff participam, divulgava campanha e atos como os previstos para 28 de outubro, Dia do Servidor

 

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Nota divulgada pelo O Fórum das Entidades Nacionais dos Serviços Públicos (Fonasefe} denuncia que a página da campanha contra a 'reforma' administrativa foi censurada pelo Facebook e retirada do ar. A empresa estadunidense de redes sociais não divulgou comunicado público explicando os motivos da exclusão. Ao Fonasefe, que alimentava a página, respondeu por meio de mensagem que o banimento se deve ao descumprimento dos "padrões da comunidade". Não explicou, porém, o que teria sido desrespeitado pelo fórum dos servidores.

Na avaliação do Fonasefe, interesses de grandes grupos empresariais no fim dos serviços públicos, prestados gratuitamente à população, estariam por trás do banimento da página. Esses grupos privados, segundo as entidades representativas dos servidores, apoiam o governo de Jair Bolsonaro e os seus projetos para a economia. "A nossa página ataca diretamente os interesses políticos do governo e dos empresários do país, que desejam destruir os serviços públicos com a Reforma Administrativa para que o povo seja obrigado a pagar por serviços privados", diz trecho da nota.

O Andes-SN e a Aduff-SSind participam do Fórum dos Servidores, que desenvolve uma campanha política ancorada em vídeos e outros materiais contrários à Proposta de Emenda Constitucional 23/2020. A PEC enviada por Bolsonaro à Câmara dos Deputados é a primeira fase da 'reforma' administrativa. As entidades sindicais que constituem o Fonasefe vêm buscando unir servidores federais, estaduais e municipais, assim como trabalhadores de estatais, para defender os serviços públicos e deter as privatizações. Novas manifestações, virtuais e presenciais, estão convocadas para 28 de outubro, Dia do Servidor. Pouco antes, no sábado (24), acontece uma plenária nacional da campanha, por videoconferência.

Íntegra da nota do Fonasefe denunciando a exclusão da página contra a PEC 32 pelo Facebook

Outros casos

O documento associa o caso a outras denúncias de bloqueio de conteúdos de campanhas políticas e eleitorais progressistas envolvendo o empresário estadunidense Mark Zuckerberg, um dos proprietários do Facebook, Instagram e WhatsApp. Segundo o "Observatório das Eleições", mais de R$ 14 milhões já teriam sido gastos por políticos que disputam as atuais eleições no Brasil com propaganda no Facebook e Instagram. De acordo com revelação do jornal "O Globo" de julho último, a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto dobrou os gastos com o Facebook no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2019, passando de R$ 1,12 milhão para R$ 2,3 milhões.

As empresas do grupo estiveram envolvidas em escândalos recentes relacionados à violação de informações sobre usuários e distribuição de notícias falsas. Entre eles, a manipulação de dados que ajudou a eleger o presidente Donald Trump nos Estados Unidos, em 2016, e o envio ilegal de mensagens falsas em massa pelo WhatsApp, que favoreceram Jair Bolsonaro em 2018, no Brasil. 

Mudanças nos algoritmos que determinam a distribuição de conteúdo da plataforma, ocorridas em 2017, também estariam beneficiado publicações conservadoras e restringindo materiais oriundos de fontes consideradas progressistas. Foi o que afirmou o "Wall Street Journal", em recente reportagem publicada no dia 16 de outubro. Os algoritmos são um recurso técnico de direcionamento de quais postagens chegarão à tela de cada usuário.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho