Set
02
2020

Aduff volta a questionar o uso de plataformas comerciais em atividades de aprendizagem na UFF

Reitoria da Universidade enviou documento aos diretores de Unidades com esclarecimentos sobre acordo com a empresa Google; conteúdo preocupa

A partir do dia 30 de setembro, o ‘G Suite for Education’ da Google – uma das plataformas que a UFF recomenda aos docentes que seja utilizada em atividades do ensino remoto – voltará a reduzir seu limite de utilização, aumentados pela empresa durante o início da pandemia da covid-19. A informação consta em um documento da Reitoria da UFF, enviado como esclarecimento aos diretores de Unidade da instituição.

O ‘G Suite for Education’ inclui ferramentas como o Google Classroom e o Google Meet. Com o restabelecimento das limitações, as gravações das sessões que haviam sido liberadas sem restrição ficarão disponíveis por apenas 30 dias, sem a possibilidade de “download" ou de serem compartilhadas fora do domínio id.uff.br. O recurso de transmissão não estará mais disponível e a quantidade de pessoas no Google Meet volta a ser de 100 pessoas por sala, ao invés das 250 estabelecidas durante o “período emergencial” da pandemia.

O mesmo documento enviado pela Reitoria aos diretores de Unidades afirma que a UFF tem um convênio gratuito e sem prazo de encerramento com a Google para a utilização do suíte, mas que a Universidade está negociado com a empresa para manter algumas funcionalidades liberadas e preços menores para “as licenças do G Suite Enterprise for Education”, pacote pago que não possui as limitações citadas acima.

Em março deste ano, antes mesmo da suspensão do calendário da UFF devido a pandemia da covid-19, a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da Federal Fluminense já havia anunciado a descontinuidade, no primeiro semestre eletivo de 2020, da ferramenta Conexão UFF, que durante anos conectou estudantes e professores. Em seu lugar, apresentou a plataforma Google Classroom como alternativa.

Para a diretoria da Aduff-SSind, o acordo da universidade com a Google preocupa e reforça a urgência para que a comunidade acadêmica enfrente o tema do uso, sem qualquer critério, das plataformas digitais comerciais em atividades de ensino e aprendizagem. Em proposta elaborada pela Aduff, a seção sindical defende que a UFF desenvolva tecnologia própria (e pública) para ser utilizada nos processos de mediação tecnológica deste período especial.

Falsa gratuidade

De acordo com a professora Inny Accioly, do Instituto de Educação da UFF em Angra dos Reis, a estratégia da Google e de outras empresas que se vincularam à Coalizão Global da Educação foi a de ofertar serviços supostamente gratuitos por alguns meses “no período de emergência”, aproveitando a pandemia para propulsionar o ensino remoto, e depois retornar com as limitações para que as universidades paguem pelo serviço.

“Essa gratuidade da Google é falsa porque estamos cedendo todos os nossos dados para a empresa que, inclusive, tem sede fora do país. Além disso, o argumento falso de que plataforma da Google 'sempre será mais barata e melhor' acaba minando o investimento em desenvolvimento de tecnologias e plataformas próprias. Mas depois que a UFF assumir o Google Classroom como plataforma institucional, não será possível retomar o Conexão UFF”, alerta a pesquisadora.

Accioly defende que sejam retomados os debates sobre a alocação de recursos para o desenvolvimento de plataformas digitais públicas na UFF e afirma que os contratos da Universidade com a Google precisam estar acessíveis para a comunidade acadêmica. “A falsa gratuidade faria com que os contratos entre a UFF e a Google não precisassem passar por processo de licitação, o que é muito grave porque, na realidade, a instituição estaria vendendo os dados de estudantes e professores para uma empresa transnacional. O custo disso é muito alto”, ressalta.

Da Redação da Aduff |Por Lara Abib

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