Ago
21
2020

Nota da diretoria da Aduff sobre os recentes acontecimentos na UFF

Nós, diretoria da Aduff-SSind, temos criticado de forma sistemática o déficit de democracia da atual gestão da reitoria da Universidade Federal Fluminense. A criação da Instrução de Serviço PROGEPE nº 008/2020, sem passar por nenhum dos conselhos superiores, a não convocação do Conselho Universitário para deliberar sobre o funcionamento da UFF durante a pandemia e a apresentação de minutas que alteram de forma radical a universidade, com menos de uma semana para a comunidade acadêmica debater e se posicionar, são alguns exemplos da falta de debate democrático e de práticas institucionais autoritárias, que, lamentavelmente, são recorrentes em nossa universidade.

Também temos nos posicionado em favor dos diversos direitos das e dos técnicos-administrativos, que não vêm sendo respeitados. A questão do ponto eletrônico na UFF, por exemplo, funciona como mecanismo de controle que tolhe a adesão da categoria de técnicos-administrativos aos movimentos paredistas construídos e aprovados em suas assembleias de base porque até o presente momento ainda não se instituiu internamente a garantia da participação sem desconto salarial a paralisações decididas em suas assembleias. Precisaram garantir na justiça o direito ao afastamento das pessoas em grupo de risco de suas atividades laborais presenciais. Mesmo meses depois da primeira morte no Hospital Universitário Antonio Pedro, que hoje já registra tristes 5 mortes de trabalhadores da linha de frente ao enfrentamento da covid-19, a categoria dos técnicos-administrativos representada pelo SINTUFF ainda luta internamente para que o adicional de insalubridade devido aos trabalhadores e às trabalhadoras do HUAP seja pago em seu grau máximo - na Mesa de Negociação de 03/08 para tratar de um assunto tão fundamental para a categoria o Reitor sequer esteve presente.

A despeito de todas estas críticas que a diretoria da Aduff-SSind faz de maneira contundente, as quais é possível somar a participação da UFF na decisão irresponsável de flexibilizar o isolamento em Niterói, decisão que contribuiu para o número de mortes na cidade, não consideramos o Reitor Antonio Claudio da Nóbrega parte ou defensor do governo Bolsonaro. Entendemos que, na conjuntura reacionária instaurada pela vitória e posse do atual presidente da República, a Reitoria deveria enfrentar o governo federal de forma explícita, opondo-se às ações antidemocráticas, e não tentando censurar a livre manifestação de expressão e pensamento no seio da Universidade, conforme a tentativa realizada contra o evento “Moro Mente”, ocorrido na Faculdade de Direito. Mas os dois, presidente e Reitor, não estão no mesmo campo político.

Por fim, manifestamos a posição que nenhuma divergência política deve ser usada para manifestações antissindicais nestes tempos em que as entidades que representam e defendem as trabalhadoras e trabalhadores têm sido tão atacadas. Críticas, evidentemente, sempre são cabíveis em uma democracia, mas não podem ser confundidas como deslegitimação de um mandato eleito pela base.

Niterói, 21 de agosto de 2020.

Diretoria da Aduff-SSind 

(Associação dos Docentes da UFF - Seção Sindical do Andes-Sindicato Nacional)

Gestão Aduff Autônoma, Democrática e de Luta 2018/2020

 

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