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Jun
29
2020

Após polêmica com o currículo falso, posse do novo ministro da Educação é adiada

Abin checa as informações mencionadas no lattes de Carlos Alberto Decotelli, que não é doutor e nem concluiu o pós doutorado no exterior, como mencionado por ele

Após polêmica com o currículo falso, posse do novo ministro da Educação é adiada / Agência Brasil

Da Redação da ADUFF

Em meio à crise causada por inconsistências em seu currículo - que afirmava doutoramento pela Universidade de Rosário, na Argentina, e um pós-doutorado pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha - a posse do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, que aconteceria nesta terça-feira, dia 30 de junho, foi adiada sem nova definição de data. Os dados apresentados por Decotelli em seu lattes estão sob checagem da ABIN - Agência Brasileira de Inteligência.

Na última semana, no dia seguinte a nomeação de Decotelli para a pasta (25), o reitor Franco Bartolacci, da Universidade Nacional de Rosário, escreveu no Twitter: “Precisamos esclarecer que Carlos Alberto Decotelli da Silva não obteve na @unroficial o título de doutor mencionado nesta comunicação". Ele explicou que a tese de Decotelli foi considerada insuficiente e por isso reprovada.

Nesta segunda-feira 29, foi revelado que o novo ministro não perseverou em seu pós-doutorado na Alemanha, como informou a assessoria de imprensa da instituição. Além disso, não fosse o bastante, o ministro é suspeito de plágio por ter copiado quatro trechos de outras dissertações de mestrado e textos acadêmicos na introdução de seu trabalho de mestrado, apresentado em 2008 para a FGV-Rio de Janeiro, com o título "Banrisul: do PROES ao IPO com governança corporativa". Decotelli prometeu rever a dissertação.

A mentira no currículo lattes é falta grave no meio acadêmico e pôs em descredito a indicação de Decotelli antes mesmo que ele pudesse assumir o Ministério da Educação.

“É um governo que fala mal dos acadêmicos, despreza as Universidades públicas e as instituições promotoras de Ciência, mas tem obsessão em doutorado”, comenta Marina Tedesco, presidente da Aduff. Ela se refere à polemica semelhante que envolveu a nomeação de Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, o segundo Ministro da Educação do governo de Jair Bolsonaro, à época apresentado pelo presidente como doutor – título que, assim como Decotelli, não possui.

Para a sindicalista, a questão não é ter ou não o título – o que não o tornaria mais ou menos qualificado para assumir o MEC. Ela critica é a mentira em si. “A informação falsa no currículo lattes é grave. Mas, antes de tudo, é uma demonstração da falta de caráter daquele que escolheu se unir a um governo privatista, genocida, que defende o autoritarismo, nega a ditadura e defende a tortura”, complementa Marina Tedesco. “É uma síntese de um governo que se sustenta pela mentira”.

Após polêmica com o currículo falso, posse do novo ministro da Educação é adiada / Agência Brasil