Print this page
Jun
12
2020

CEPEx aprova minuta que regulamenta ‘ensino remoto’ na UFF para concluintes e pós-graduandos durante pandemia

Sem debate com comunidade, Conselho também votou e aprovou resoluções sobre as atividades de Pós-Graduação e Extensão na Universidade durante a pandemia da Covid-19 (veja as minutas na íntegra)

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx) da Universidade Federal Fluminense (UFF) debateu e aprovou, na manhã desta sexta-feira (12), os projetos de Resoluções construídos pelo GT do Conselho que tratam da regulamentação do ensino remoto para estudantes concluintes da UFF – parte integrante da minuta sobre Atividades Acadêmicas Emergenciais (ACE) - e das atividades de Pós-Graduação e Extensão durante a pandemia da Covid-19, cada uma com uma minuta específica. Veja abaixo os documentos aprovados na reunião do CEPEx (em anexo, ao final da matéria, depois da imagem).

A minuta que dispõe sobre a criação de critérios para o planejamento e a execução de Atividades Acadêmicas Emergenciais (ACE) estabelece um semestre suplementar para estudantes concluintes de cursos de graduação, com oferta de disciplinas obrigatórias 100% online, que podem ser “síncronas ou assíncronas, realizadas por meio de utilização de ferramentas de tecnologias de informação e comunicação”. 

De acordo com o documento aprovado em reunião, o “planejamento das ACE deverá ser consolidado pela Direção de cada Unidade Acadêmica e encaminhado por e-mail para a Pró-Reitoria de Graduação até 26 de junho de 2020, devendo estar discriminados no documento o código e o nome dos componentes curriculares/disciplinas que se enquadrarão como ACE”.

Já na resolução que trata da Pós-Graduação, o documento afirma que a “adesão às atividades acadêmicas remotas não é obrigatória e são definidas de comum acordo entre docentes e discentes, devendo ser aprovadas pelos respectivos Colegiados dos Programas e Cursos de Pós-Graduação, após análise das condições de trabalho remoto que garanta a realização das atividades por parte dos agentes envolvidos”.

Decisão foi tomada sem debate com a comunidade acadêmica

Desde o início da divulgação dos documentos, o primeiro enviado aos conselheiros na segunda (08) e os outros dois na quarta (12), a diretoria da Aduff-SSind defendeu que o CEPEx adiasse a deliberação sobre as minutas para que a comunidade universitária tivesse tempo hábil para debatê-los nos colegiados e departamentos. Em ofício enviado à reitoria, a entidade também defendia que a decisão passasse pelo Conselho Universitário (CUV) e que a Reitoria divulgasse os resultados dos levantamentos realizados pela Administração para embasar as discussões feitas pelo GT. 

Proposta similar foi apresentada pela conselheira estudantil Jacqueline Ferreira, mas foi derrotada no Conselho. Ela considera “equivocada” e ‘irresponsável” a aprovação apressada e sem a divulgação dos dados das pesquisas realizadas, “ao contrário do que fez a UFRJ e do que a UFRRJ está pretendendo fazer, que é a divulgação do resultado dos formulários antes de colocar o ensino remoto para ser votado”, destaca. “Em suma, o que hoje se aprovou ali foi um cheque em branco, permitindo que o ensino remoto seja aplicado aos concluintes sem que tenhamos noção de quais serão as consequências disso para a comunidade acadêmica”, ressalta a estudante.

Democracia interna e coerência

A presidente da Aduff-SSind, Marina Tedesco, também cobrou coerência nos posicionamentos que dizem respeito à Universidade e destacou aprovação “a toque de caixa” das resoluções. “Não adianta chamar o governo de autoritário e naturalizar que minutas que foram apresentadas em menos de 48h de uma reunião que aconteceu no meio de um feriado tenham sido aprovadas. Nos parece que aprovação não tem a ver com urgência, mas com um déficit de democracia que a gente vive historicamente na universidade”, critica. 

A docente enfatiza que a diretoria da Aduff tem plena consciência que a situação dos estudantes concluintes é extremamente delicada. “Ela sempre é, inclusive quando nós fazemos greves em defesa da universidade, mas a UFF demorou 2 meses para colocar o CEPEx para debater essas questões. O ônus dessa demora não pode recair sobre a comunidade, que em nome da urgência teve muito menos de uma semana para fazer o debate”, friza. 

A presidente da Aduff-SSind destaca ainda que embora o documento estabeleça que o planejamento das ACE atendam “à disponibilidade do corpo docente, à anuência expressa do estudante, e ao respeito às suas condições de acesso e necessidades especiais”, é impossível garantir isso na prática. 

“Sem dados dos estudos sobre a saúde dos docentes e de um mapeamento das condições socioeconômicas e de saúde dos estudantes, isso tudo é letra morta. Ainda mais durante um governo que está louco para cortar o salário dos servidores públicos. O que vai acontecer é que os professores vão ser obrigados a dar essas disciplinas e muitos estudantes não terão condição de fazê-las. Só consigo enxergar um agravamento das condições de trabalho e de estudo e o aumento do assédio moral na universidade”, finaliza.

Additional Info