Jun
08
2020

Atos em diversas capitais levam às ruas rejeição ao fascismo e racismo no Brasil

Neste domingo (7), no Rio de Janeiro, manifestantes se concentraram em frente a Estátua de Zumbi de Palmares e marcharam pela Avenida Presidente Vargas, usando roupas pretas e segurando cartazes contra o governo e contra a morte de negros e negras no país

Em meio à pandemia da Covid-19 que já ceifou a vida de mais de 37 mil brasileiros e brasileiras, as ruas de diversas capitais do país foram tomadas, neste domingo 7, em protestos contra a escalada do autoritarismo e do racismo no país (des)governado por Jair Bolsonaro. Manifestações no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Pará, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Santa Catarina e em outros estados também clamavam por democracia, denunciando as fortes características autoritárias e preconceituosas em relação às minorias sociais professadas por representantes do governo federal. Em algumas localidades, os protestos também criticavam a política de flexibilização das medidas de isolamento social, em meio ao avanço do Coronavírus pelo país, cujo acesso aos dados de contaminação e mortes pela doença tem sido dificultados pelo governo federal. 

Os participantes dos atos carregavam faixas com dizeres contra o governo, em favor da democracia. Entre as palavras de ordem, muitos cartazes em defesa da vida dos negros e negras do país, que, apesar de serem a maioria da população brasileira ainda padecem com a falta de políticas públicas que reparem o legado dos mais de 300 anos de escravidão.  "Vidas negras importam!", diziam alguns. 

A população negra é a principal vítimas da violência policial nas favelas do país, a exemplo das ações recentes que assassinaram, no Rio de Janeiro de Wilson Witzel, por exemplo, os jovens João Pedro de 14 anos; de João Vitor Gomes da Rocha Rodrigo, 18 anos; Rodrigo Cerqueira da Conceição, de 19 anos – apenas para citar algumas das vítimas de balas perdidas que sempre encontram corpos negros nas periferias da cidade.  

O combate ao racismo estrutural na sociedade brasileira ganhou ainda mais força após o menino Miguel, de apenas 5 anos, filho da empregada doméstica Myrtes ter morrido dias antes ao cair do 9º andar de um edifício de luxo em Pernambuco, por negligência da patroa, Sari Gaspar Corte Real – a primeira dama do município de Tamandaré (PE). 

Dias antes, o presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, um homem negro que já afirmou que a escravidão teve efeito benéfico para o Brasil, recentemente denominou o Movimento Negro de escória. 

Em respeito à luta antifascista e antirracista, a Aduff não exibiu a sessão do Cineclube Virtual que aconteceria neste domingo. Para Marina Tedesco, presidente da seção sindical, os atos expressam a indignação de setores significativos da sociedade em relação ao governo de Jair Bolsonaro, que se torna cada vez mais autocrático ao tentar minar o poder da Constituição e das instituições.  

“Vivemos uma crise política sem precedentes na história recente do país e precisamos nos posicionar, com os cuidados sanitários exigidos pela pandemia, contra o avanço das práticas e discursos que pregam a retirada de direitos sociais e políticos dos cidadãos.  Precisamos nos indignar contra a falta de estratégias para o combate à Covid no país, mas também não podemos deixar de apoiar todas as manifestações em defesa da democracia e contra o racismo no Brasil”, disse a sindicalista. 

A docente também criticou a violência policial contra os manifestantes em alguns estados, a exemplo do que aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro. “É evidente que existe um tratamento diferenciado por parte da corporação quando os atos são em apoio ao governo federal. Quando os protestos são contrários às políticas genocidas de Jair Bolsonaro, há sempre muita repressão”, avaliou Marina.

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira
Arte: ANDES-SN

 

 

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