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Mai
29
2020

Ato-live: Prefeitura de Niterói cede a empresários ao flexibilizar isolamento e pôr vidas em risco

Manifestação virtual realizada pela União dos Fóruns de Niterói defendeu que isolamento social seja mantido já que crescem os casos e óbitos na pandemia do coronavírus

 

Reprodução do ato virtual, realizado na quinta-feira (28) Reprodução do ato virtual, realizado na quinta-feira (28)

DA REDAÇÃO DA ADUFF

A flexibilização do isolamento social em Niterói, iniciada pelo prefeito Rodrigo Neves (PDT), foi duramente criticada no ato virtual realizado pela União dos Fóruns de Niterói. A manifestação, ocorrida na noite da quinta-feira (28), defendeu a reversão da medida e a adoção de políticas sociais que assegurem a adoção do distanciamento social com segurança e condições adequadas.

Clicar aqui para assistir ao ato na página do Facebook da Aduff

A flexibilização foi apontada como um erro que levará à perda de muitas vidas caso não seja revista imediatamente. Os participantes do ato disseram que isso tende a ocorrer porque a flexibilização está sendo adotada em meio ao crescimento do número de casos de contaminação pelo coronavírus e de óbitos no país e na região metropolitana do Rio de Janeiro.

Os manifestantes afirmaram que o prefeito está cedendo a pressões de empresários mais preocupados com os lucros do que com a vida. Disseram que nada justifica recuar afrouxar as medidas de isolamento durante o crescimento da pandemia.

O ato-live foi transmitido ao vivo por uma série de páginas de Facebook das entidades, entre elas a da Aduff. A manifestação ocorreu no terceiro dia seguido em que o número de óbitos no país supera a marca de mil pessoas em 24 horas. Teve como oradores representantes de várias organizações que integram a União dos Fóruns de Niterói, que congrega uma série de entidades sindicais, sociais e da juventude, entre elas a Aduff-SSInd - a Associação dos Docentes da UFF, seção sindical do Andes-SN. Também participam partidos políticos e parlamentares.

A professora Marina Tedesco, da Universidade Federal Fluminense e presidente da Aduff, disse que vidas estão sendo ceifadas pelo coronavírus, mas não apenas pela pandemia, também "pela política assassina" que vem sendo adotada por muitos governos, especialmente pelo federal. A docente ressaltou que não há nenhum estudo ou dado que mostre que este é o momento de flexibilizar, como o prefeito de Niterói está fazendo. Ao contrário, disse, os dados científicos mostram que ainda não se chegou ao pico da curva da pandemia. "A Prefeitura está flexibilizando e colocando a vida de pessoas - não só em Niterói, mas de toda região metropolitana - em risco", disse a presidente da Aduff, para quem só a pressão de empresários e interesses econômicos explicam a atitude.

Representando o Fórum Popular de Saúde de Niterói, a professora da UFF Claudia March cobrou transparência nos atos oficiais referentes ao coronavírus. Disse que é preocupante que a Prefeitura de Niterói não queira dialogar, num momento em que a curva de casos e óbitos é ascendente no Estado do Rio de Janeiro e inúmeros governantes omitem dados sobre a pandemia. 

A docente também defendeu mais recursos para assegurar os serviços de saúde e condições para que o isolamento social seja feito com segurança e condições dignas. "Os recursos públicos da Prefeitura são pagos com impostos dos trabalhadores e trabalhadoras, que geram as riquezas, [e isso tem que ser] revertido para a população", disse. 

Servidora da saúde e dirigente do sindicato da categoria em Niterói (Sindsprev-RJ), Ivone Suppo também criticou a flexibilização neste momento. "A transmissão [do vírus] no Brasil está numa velocidade muito alta", observou. "A OMS [Organização Mundial da Saúde] disse que nós somos praticamente o epicentro do covid no mundo, nós não podemos acabar com o isolamento em Niterói, nós temos que salvar vidas", defendeu.

A servidora da UFF Isabel Firmino disse que o Brasil é presidido por um presidente negacionista, "preocupado muito mais como CNPJ do que com a vida das pessoas". Isabel, que trabalha no Hospital Universitário Antonio Pedro, falou pelo Grupo de Trabalho de Raça e Etnia do Sintuff (Sindicato dos Trabalhadores da UFF). Ela destacou que é a população negra que está sendo mais afetada pela pandemia e defendeu mais recursos para políticas sociais que permitam o isolamento com condições de vida adequadas. "Os governos têm que liberar verbas emergenciais para que as pessoas possam se manter em casa. Isolamento social não é um privilégio, é uma necessidade", disse.

O evento teve a participação dos partidos políticos PSOL, PSTU, PCB e da Unidade Popular (UP). O deputado estadual Flávio Serafini e os vereadores de Niterói Renatinho e Paulo Eduardo Gomes, todos do PSOL, também falaram no ato. A coordenação da atividade ficou a cargo de Marinalva Oliveira, ex-presidente do Andes-Sindicato Nacional dos Docentes e professora da UFRJ, e de Valéria Tereza, do Fórum Popular de Saúde e do Sindsprev-RJ em Niterói. 

Ao final do ato, Marinalva ressaltou a importância da mobilização mesmo durante o isolamento social e da construção desse movimento unitário em Niterói. "Cada um de nós é imprescindível para salvar vidas. E o nosso salvar vidas é pressionar o prefeito Rodrigo Neves para que não flexibilize [o isolamento social], junho está para ser o pico da pandemia. Se for para atender o interesse do povo, que dê isolamento com qualidade [de vida]. Como diz um amigo, cédulas se imprime, vidas, não. Todas as vidas importam", finalizou.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

Reprodução do ato virtual, realizado na quinta-feira (28) Reprodução do ato virtual, realizado na quinta-feira (28)

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