Print this page
Mai
13
2020

Docentes que irão à debate da Aduff afirmam que combate à covid-19 deve considerar perspectiva racial

Atividade virtual sobre a pandemia e a questão racial ocorrerá nesta quinta (14), às 16h e reunirá as docentes da UFF Maria Raimunda Soares e Rita Montezuma

É inegável que 132 anos depois da Abolição da Escravatura ainda há um longo caminho a percorrer para que negros, em sua totalidade, possam ter acesso às mesmas condições de vida que os brancos no Brasil. Pesquisas históricas recentes evidenciam que, dada às estratégias de resistência da população escravizada, o fim do cativeiro está longe de ter sido uma dádiva e se impôs como conquista resultante de anos de luta de homens e mulheres que viveram a diáspora africana e, corajosamente, desafiaram àquela estrutura colonial.  

13 de maio é, portanto, dia de reafirmar a luta pelo direito à vida em plenitude para a população negra no Brasil – necessidade que se impõe com ainda mais urgência em tempos de pandemia provocada pela Covid-19.  O tema será debatido em live da Aduff-SSind que acontece nesta quinta (14), às 16h, na página da seção sindical no Facebook. Participam as professoras Maria Raimunda Soares, do curso de Serviço Social e coordenadora do NEAB/UFF-Rio das Ostras, e Rita Montezuma, do Departamento de Geografia da UFF Niterói, vinculado ao coletivo Preto ENUFF.

Segundo Maria Raimunda, dados demonstram que a população negra sofrerá maiores impactos nesta conjuntura de pandemia, sobretudo porque as condições estruturais desta população tornam o índice de letalidade da covid-19 maior entre os negros. “De 11 a 26 de abril, o número de negros mortos por Covid foi cinco vezes maior, torna-se imprescindível que o debate sobre o assunto, os impactos e a forma de enfrentamento a essa pandemia, para que seja feito a partir da perspectiva racial (para além de classe e gênero)”, analisa a docente.

Para ela, a falta de investimento em políticas públicas que permitam superar as desigualdades raciais no Brasil faz parte de um projeto político, uma vez que as desigualdades raciais são estruturais a forma como o capitalismo surge e se desenvolve no mundo e, em especial em sociedades anteriormente colonizadas.  “Não há e não haverá interesse da classe dominante e de nenhum governo que as represente em criar políticas públicas que acabem com a funcionalidade das desigualdades raciais no país. Entretanto, devemos lutar por tais políticas, que se não podem pôr fim a estas desigualdades, podem amenizá-las e possibilitar a criação de condições dignas e mais equânimes de vida aos negros no Brasil”, considera. 

De acordo com Rita Montezuma, a pandemia da Covid 19 expôs o fosso social como o maior entrave ao desenvolvimento. “É, sem dúvida alguma, uma doença social e, portanto, racializada na origem. Por esta razão, a associação entre pandemia e população negra é uma discussão salutar no sentido de trazer à pauta as vulnerabilidades historicamente construídas, onde as políticas econômicas, da saúde, educação, conservação, habitacionais, de mobilidade e de acesso a terra, embora ainda insuficientes na reparação dos danos à população negra, se tornam ainda mais graves com os retrocessos em curso”, considera a professora.

Para Rita Montezuma, discutir o tema é uma das medidas para informar, fortalecer e construir as estratégias de resistência e luta por outras realidades mais justas e igualitárias. “Cumpre a Universidade Pública fomentar o debate no exercício de sua função social e no seu papel de promotora da transformação social”, afirma a docente.

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira

Additional Info

  • compartilhar: