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Mai
12
2020

Pandemia: no Dia da Enfermagem, homenagens póstumas e denúncia com cruzes no Huap pela saúde pública

Manifestação em frente ao hospital denuncia: vírus mata, mas corte de verbas da saúde também mata

 

Ato em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro, organizado pelo Sintuff Ato em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro, organizado pelo Sintuff / autor: Clever Felix

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Luciana, Ignez, Célia. Os nomes das três trabalhadoras do Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap), vítimas fatais do coronavírus, foram lembrados no ato realizado por profissionais de saúde na unidade, em Niterói, na tarde desta terça-feira (12), Dia da Enfermagem. A data foi marcada por uma série de protestos em hospitais universitários por todo país e na Praça dos Três Poderes, em Brasília, convocados por sindicatos dos técnicos-administrativos e pela Fasubra, a federação nacional da categoria.

Portando cruzes, com os nomes das colegas de trabalho ou com frases em defesa do Sistema Único de Saúde, o grupo de manifestantes se concentrou na entrada do hospital. Estenderam uma faixa com a frase "Coronavírus mata! E os governos matam mais ao cortar verbas da saúde". A faixa é assinada pelo Sintuff, o sindicato dos técnicos-administrativos da Universidade Federal Fluminense, que organizou o ato, que teve apoio político de diversas entidades, entre elas a CSP-Conlutas e a Aduff-SSind.

As mortes de Maria Ignez Marques Procópio, Luciana Roberto de Souza e Célia Bastos Pereira expuseram de forma trágica algo que vinha sendo denunciado pelos servidores: a falta de equipamentos de proteção e de condições de trabalho no Huap, reivindicações levadas ao protesto, também estampadas nas cruzes.

"As Instituições Federais de Ensino Superior seguem funcionando e mobilizadas para o combate contra o coronavírus. Se uma parte de nós está em trabalho remoto, muitos trabalhadores e trabalhadoras estão na linha de frente, arriscando suas vidas. É lamentável que estes profissionais tenham que fazer ato pedindo respeito e condições de trabalho", critica a professora Marina Tedesco, presidente da Aduff-SSind.

O professor Carlos Augusto Aguilar Junior, também da direção da Aduff, destaca a importância do ato e parabeniza o Sintuff pela iniciativa. "Também nos solidarizamos com as [famílias, amigos e colegas] das companheiras que trabalhavam na linha de frente do Hospital Antonio Pedro e que infelizmente perderam a batalha para a Covid-19", diz. O docente observa que a manifestação encontra ressonância com outro ato, este realizado por sindicatos e conselhos da Enfermagem no 1o de Maio, Dia dos Trabalhadores e Trabalhadoras, em frente ao Palácio do Planalto. "Aquele ato foi covardemente hostilizado e acossado por bolsonaristas, que apoiam de maneira inconsequente esse governo genocida", recorda. O dirigente da Aduff assinala ainda que a manutenção de políticas neoliberais de ajuste fiscal e austeridade, aplicadas sob a Emenda Constitucional 95, atacam a saúde e a educação públicas. 

"A asfixia dos recursos da saúde e da educação, com destaque agora para saúde, está entregando a sua fatura agora, com a dificuldade de se conseguir os equipamentos, de se equipar hospitais. A saúde já se encontrava num estado muito difícil, e essa política foi aprofundada no governo Temer com a Emenda Constitucional 95. Agora, com a aprovação do PLP 39, que visava liberação de recursos do governo federal para estados e municípios realizarem ações de enfrentamento, querem colocar a conta dos R$ 120 bilhões de recursos que estão sendo disponibilizados nas costas dos trabalhadores dos serviços públicos, que é quem está na linha de frente para garantir saúde para população, mas também produzindo ciência e conhecimento para enfrentar essa pandemia", diz, referindo-se à proposta de congelamento de salários e proibição de concursos nos serviços públicos.

A docente Elizabeth Barbosa, que integra a direção da Aduff e é graduada em Enfermagem, ressaltou a importância da realização de atos que deem visibilidade às condições precárias hoje existentes na saúde pública. Profissionais [da Enfermagem] são extremamente expostos, sempre tiveram um trabalho extremamente precarizado, não é só de agora, na pandemia, mas nesse momento isso reverbera muito mais. É importante que se dê visibilidade a isso", diz.

Da Redação da Aduff
Por Hélcio Lourenço Filho

Ato em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro, organizado pelo Sintuff Ato em frente ao Hospital Universitário Antonio Pedro, organizado pelo Sintuff / autor: Clever Felix

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