Mai
11
2020

Reitores das IES públicas do Rio defendem o adiamento do ENEM 2020  

Para Marina Tedesco, presidente da ADUFF, manutenção do calendário do ENEM defendida pelo governo é a face crua do projeto de expulsão das classes populares da Universidade 

Os reitores das Instituições Públicas de Ensino no Estado do Rio de Janeiro defenderam em nota pública o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) deste ano. O docente Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, da UFF, é um dos signatários do documento que problematiza a manutenção dos prazos em um contexto de pandemia, provocada pela Covid-19.

Eles solicitam que o Ministério da Educação postergue as datas de inscrição e a realização das provas do ENEM, a exemplo do que fizeram China, EUA, França e Inglaterra. Dizem ainda que o adiamento é uma recomendação do Conselho Nacional de Secretários da Educação (CONSED).

Segundo a nota, a pandemia explicitou ainda mais a desigualdade social cotidiana e expôs a situação de vulnerabilidade de muitos estudantes brasileiros. Por isso, se o calendário do ENEM for mantido, haverá um aprofundamento das disparidades. “Milhões destes estudantes não têm acesso à tecnologia ou à internet o que impede ações pedagógicas similares ao cotidiano escolar com aulas presenciais”, diz trecho do documento.

Os reitores repudiam as tentativas do governo de difundir falsa sensação de normalidade em meio a conjuntura de incertezas. “É nosso compromisso que nenhum estudante tenha o seu ingresso na universidade prejudicado pela crise da Covid-19”, dizem.

Para Marina Tedesco, presidente da ADUFF, a manutenção do calendário do ENEM defendida pelo governo é a face crua do projeto de expulsão das classes populares da Universidade. De acordo com ela, para além das questões sanitárias que são fundamentais nesse momento, somente quem tem melhores condições financeiras e estruturais para garantir um bom ambiente de estudo - com computador, internet banda larga, contratação de professores particulares - vai ter êxito no exame.  

"Ao manter a data prevista inicialmente para o ENEM e argumentar que o Exame não foi feito para corrigir nenhuma desigualdade social, esse governo diz com todas as letras, como aliás tem feito ao longo de seu mandato e ainda mais ao longo da pandemia, para quem governa", considera a docente.

Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira

 

 

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