Da Redação da ADUFF
Para o Ministro da Economia Paulo Guedes, o funcionalismo vai pagar a conta da crise agravada pela pandemia da Covid-19. Na manhã desta segunda-feira (27), ele disse que os servidores públicos têm que dar a sua cota de sacrifício e ficar um ano e meio sem reivindicar aumento salarial.
"Precisamos também que o funcionalismo público mostre que está com o Brasil, que vai fazer um sacrifício pelo Brasil, não vai ficar em casa, trancado com geladeira cheia, assistindo à crise, enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego", disse após reunião com o presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.
As declarações de Guedes parecem desprezar as orientações de isolamento social do próprio Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde, pelas quais todos os setores que possam ficar em casa devem fazê-lo. A declaração repercutiu muito mal entre servidores, com críticas nas redes sociais.
Também foi lembrado que o principal ministro do governo de Jair Bolsonaro nem sequer fez referências aos profissionais dos serviços públicos do Sistema Único da Saúde que estão com trabalho externo e com altos índices de adoecimento e mortes em função do coronavírus. Hoje, o SUS é considerado fundamental para o combate à Covid-19. Guedes também não mencionou as pesquisas e outras iniciativas desenvolvidas nas universidades públicas, incluindo os hospitais universitários, referentes à pandemia.
O governo já ensaiou reduzir em até 25% os salários dos servidores públicos – medida que teve intensa rejeição dos servidores e foi objeto de protestos virtuais. Além disso, encontrou resistência de determinados setores políticos.
Entretanto, decretou Estado de Calamidade Pública e aprovou a Medida Provisória 936, que permite a redução de jornada e salários dos trabalhadores da iniciativa privada, em percentuais que podem chegar a 70%.
“Guedes quer imputar aos servidores, trabalhadores como todos os outros, com famílias, contas a pagar, a responsabilidade pela crise. Não bastassem as incertezas do período, o presidente da República Jair Bolsonaro, seus filhos parlamentares e integrantes do próprio governo alimentam uma conjuntura de crise política que, inevitavelmente, agrava ainda mais situação econômica do país. Precisamos continuar resistindo ao desgoverno de Bolsonaro/Mourão”, diz Nina Tedesco, presidente da ADUFF. “O que o governo precisa fazer é garantir empregos e geladeira cheia a toda a população, e não retirar direito de quem trabalha. Que taxe as grandes fortunas, que tribute lucros e dividendos”, complementa a docente.
Da Redação da ADUFF
Por Aline Pereira e Hélcio Lourenço Filho