Abr
16
2020

Weintraub critica isolamento e confirma ENEM para novembro de 2020

“Vai morrer muito menos de 40 mil brasileiros”, diz o Ministro da Educação

O Ministro da Educação Abraham Weintraub defendeu o fim das políticas de confinamento, a reabertura das escolas nas cidades com menores índices de casos de contaminação e a manutenção do calendário do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para este ano. Seguindo a linha de Jair Bolsonaro, minimizou a gravidade da Covid-19 e disse que “provavelmente vai (SIC) morrer muito menos de 40 mil brasileiros por causa do coronavírus, as pessoas que vão morrer são mais idosas”. A afirmação foi feita em entrevista à rádio Jovem Pam, no dia 13 de abril.

Weintraub manteve o tom ideológico dos discursos e criticou governadores e prefeitos por terem adotado as medidas de isolamento social e os chamou de precipitados.

Falta de lucidez

“Se Weintraub não for igual, é pior do que Bolsonaro em relação à falta de lucidez e de leitura da realidade”, diz Carlos Augusto Aguilar Junior, docente do Coluni e dirigente da Aduff. Para ele, países que enfrentam o combate ao coronavírus e que possuem recursos tecnológicos e condições socioeconômicas melhores do que a do Brasil já analisam o cancelamento do ingresso para as Universidades - como França e Holanda - ou a suspensão do ano letivo, como é o caso dos Estados Unidos.

“Muitos alunos não têm condição psicológica e social de prosseguir com essa possibilidade de seleção para ingresso nas universidades. O que Weintraub tenciona é que haja adesão em massa ao EAD. E isso fica muito claro quando ele diz que vai manter o ENEM nas datas previstas para novembro”, afirma Carlos.

Desigualdade social

Segundo o docente, outra questão em jogo é a desigualdade social. Alunos das escolas públicas – que nesse momento não estão tendo aula ou estão tendo aula de forma muito precária e desigual – estarão em desvantagem em relação aos estudantes de escolas particulares de classe média e ou alta. “Mesmo que tivéssemos todas as condições pedagógicas adequadas para esse tipo de ensino em um contexto como esse, há pessoas que moram em habitação de um ou dois cômodos, não tem acesso a internet veloz ou a computador”, explica o docente.

Para Carlos Augusto Aguilar Junior, docente do Coluni, a fala do ministro é absurda e vai contra o caráter da educação pública, popular e voltada para o pensamento crítico. “É preciso haver forte mobilização pelas redes – não podemos ir às ruas nessa conjuntura – para tensionar pela suspensão do calendário do ENEM em novembro de 2020”, diz dirigente da Aduff.

Da Redação da ADUFF | Por Aline Pereira
Foto: Agência Brasil 


 

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