Dados recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP) informam que, em 2019, foram registrados 88.828 crimes contra mulheres no Rio de Janeiro: 4.687 estupros, 305 homicídios dolosos, 85 feminicídios, 41.048 ameaças, 41.366 casos de lesão corporal dolosa; 183 ocorrências de assédio sexual e 1.154 casos de importunação sexual. Os números levam em conta as notificações policiais, mas é sabido que nem todas as vítimas conseguem denunciar o agressor – o que sugere que os índices sejam ainda mais alarmantes.
Para lutar contra esse e os demais tipos de violência de gênero e reafirmar a defesa por direitos democráticos, o Horto do Fonseca e o Campo de São Bento foram palco, na manhã de domingo 8 de março, de atividade política cultural que, com muita música, poesia e leveza, chamou atenção para as pautas feministas.
A ADUFF-SSind apoiou o evento que tinha o objetivo de levar à reflexão sobre o direito à vida, à liberdade e à felicidade das mulheres. Houve a presença das musicistas da ‘Orquestra Sinfônica da Grota’ e da ‘Sinfônica Ambulante’; das ativistas do ‘Pedal Sonoro’; da poetiza Suzana Lima, da cantora Patrícia SSS, entre outras atrações. A Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito também participou das atividades.
De acordo com Ana Paula Peçanha, frequentadora do Campo de São Bento, é necessário que haja cada vez mais movimentos para sensibilizar a sociedade e promover a conscientização em relação aos direitos da mulher. “Quando uma mulher é devidamente respeitada, esse tipo de ação reflete positivamente em todos a sua volta”, disse.
Miriam de Fátima Cruz, técnica-administrativa na UFF, defendeu a ocupação de ruas e de praças com ações culturais voltadas para a formação política, principalmente em uma cidade como Niterói, com reconhecido traço conservador expresso pelas urnas na última eleição. “Ainda há muitas mulheres oprimidas; penso em casos até envolvendo mulheres da minha família. Para desconstruir esse pensamento e essas práticas, precisamos aglutinar cada vez mais pessoas”, disse.
Para Julia de Azevedo Otero, apesar das evoluções científicas e sociais conquistas pela humanidade, a sociedade ainda não conseguiu evoluir o suficiente para romper com práticas machistas, racistas e/ou lgbtfóbicas. “Por isso, dia 8 de março é extremamente importante; é dia de se abraçar e de andar de mãos dadas, principalmente nesse atual contexto de retrocessos no Brasil e no mundo”, afirmou.
Ato unificado nesta segunda-feira (9), a partir das 17h, na Candelária
Na tarde desta segunda-feira (9), a partir das 17h, haverá um grande ato unificado no centro do Rio de Janeiro, com concentração na Candelária. O ponto de encontra para a comunidade da UFF é o grande balão do Andes-SN.
Para a docente Louise Lombardo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFF, 8 de março deve ser lembrado como um dia de luta. “Nessa fase difícil, temos que nos unir e discutir com mais consciência os problemas que nos afetam. Dia 9 vamos para a rua novamente. E vamos estar em dobro, triplo – as minorias todas, no fundo, formam uma grande maioria e temos que assumir esse protagonismo”, considerou.
A jornalista Lilian Calandrini concorda: "Creio ser importante estarmos reunidas para mostrar nossa força. 8 de março não é dia para celebrar, mas é dia para reflexão, de lembrarmos das que lutaram por direitos antes de nós e de continuarmos na resistência. Fiquei admirada com a manifestação ocorrida no Chile pelo 8M [que levou às ruas mais de dois milhões de mulheres para defender agenda progressista] e decidi também apoiar nosso ato na Candelária, no Rio de Janeiro”, disse.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira | Fotos: Elisângela Leite