Fev
10
2020

De 'zebra gorda' a 'parasita': estratégia governista de desmonte do funcionalismo inclui difamação dos servidores

Campanha 'A Verdade sobre a UFF', veiculada pela Aduff-SSind, tem o objetivo de combater as Fake News e mostrar parte do trabalho que é realizada pela comunidade acadêmica em seus diferentes departamentos, institutos e campi 

Paulo Guedes, Ministro da Economia, comparou servidores a parasitas. Paulo Guedes, Ministro da Economia, comparou servidores a parasitas. / Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

As declarações da alta cúpula do governo federal evidenciam que a política de desmonte do serviço público segue acompanhada de uma estratégia perversa de desqualificação dos trabalhadores do setor. Meses após o ministro da Educação, Abraham Weintraub, ter afirmado existir plantações de maconha e laboratórios de produção de drogas nas universidades federais, referindo-se aos docentes que recebem o teto salarial como “zebras gordas”, na última sexta-feira (7), o ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou os servidores públicos a “parasitas”.

Durante evento na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, Guedes afirmou "O hospedeiro [governo] está morrendo, o cara virou um parasita”. A afirmação repercutiu muito mal entre trabalhadores e entidades de classe e, após as críticas, o ministro disse ter sido mal compreendido.

Os constantes ataques seguem acompanhados de políticas efetivas do desmonte da prestação de serviços públicos – Educação, Saúde, Seguridade Social e Segurança. Uma delas toma forma através da Proposta de Emenda Constitucional – Pec 186/19, ou a chamada ‘PEC Emergencial’, que, se aprovada, autoriza o confisco de ¼ do salário do servidor.

Além da PEC Emergencial, o governo tem defendido com unhas e dentes a proposta de reforma administrativa, que, entre outros objetivos, põe fim à estabilidade dos trabalhadores, aprofunda distorções na carreira ao propor novas regras para remuneração e avaliação dos futuros servidores públicos.  

Aduff contra as Fake News

De acordo com Marina Tedesco, presidente da Aduff, é evidente que as ações e declarações do governo federal estão articuladas. Se dão de forma complementares com o objetivo de disseminarem mentiras e fomentarem o ódio da população contra o serviço público. Além disso, para ela, está diretamente relacionado ao fato de os trabalhadores do setor público serem os mais aguerridos na defesa dos seus direitos, posicionando-se de forma muito crítica ao atual governo. “Está tudo orquestrado, porque o que há por trás é um profundo projeto de privatização da Educação, da Saúde, da Ciência e da Pesquisa Públicas; querem a retirada dos últimos direitos que, há anos, temos defendido”, considera a docente.

Para ela, uma das ações importantes desenvolvidas pela Aduff ao longo dos últimos meses é a veiculação das peças da campanha “A Verdade sobre a UFF”. A produção desmente as afirmações do governo federal e evidencia o trabalho sério e consistente realizado no âmbito das instituições públicas de ensino superior – seja em pesquisa, ensino ou extensão.

Segundo Marina Tedesco, é necessário fazer com que um maior número de pessoas tenha acesso à produção e sistematização do conhecimento produzido nas universidades. “Pedimos que as pessoas compartilhem os vídeos. Não podemos deixar que a força da produção universitária se perca em meio a tanta mentira e difamação. Parece que Paulo Guedes se esqueceu da graduação em Economia obtida na Universidade Federal de Minas Gerais – uma das mais importantes do país. Assim como a UFMG, a UFF e tantas outras instituições públicas de ensino superior têm papel preponderante para o desenvolvimento do país e da sociedade”, considera.

Da Redação da ADUFF | Por Aline Pereira
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil 

 

Paulo Guedes, Ministro da Economia, comparou servidores a parasitas. Paulo Guedes, Ministro da Economia, comparou servidores a parasitas. / Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil