DA REDAÇÃO DA ADUFF
O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal Fluminense (DCE-Fernando Santa Cruz) teve um princípio de incêndio localizado rampa de acesso ao imóvel - na área onde ficam os pilotis e uma estátua -, enquanto transcorria uma festa de reencontro de ex-estudantes da UFF e antigos militantes da entidade, na noite desta sexta-feira, dia 6 de setembro de 2019. Ninguém ficou ferido.
O evento contava com a presença da professora aposentada Maria Auxiliadora Santa Cruz, a Dora, irmã de Fernando Santa Cruz, o desaparecido político assassinado pela ditadura comandada pelos militares, em fevereiro de 1975. A professora da UFRJ foi convidada por conta de uma homenagem póstuma a Fernando Santa Cruz, que dá o nome ao prédio da entidade estudantil. O imóvel fica no Centro de Niterói, próximo ao campus do Gragoatá.
O princípio de incêndio foi combatido inicialmente pelos próprios estudantes e, depois, pelo Corpo de Bombeiros, que foi acionado pelo DCE. Os bombeiros chegaram ao local pouco antes das 22 horas. O incidente gerou muita fumaça, tensão e suspeitas de que possa ter sido provocado com intenções criminosas e não resultado de um acidente. “Quando cheguei havia muita fumaça, que saia do meio daquela estátua do DCE”, relata a professora da UFF Ana Claudia Cruz da Silva, que integra a direção da Aduff-SSind e participava do evento. Cerca de 100 pessoas estavam na festa, que ocorria no 5° andar. Outro evento, da Psicologia, acontecia no 1° andar do prédio.
Não há versões conclusivas sobre o caso. Mas a preocupação é natural e reflete um fato grave ocorrido recentemente: o presidente da República, Jair Bolsonaro, fez uma transmissão ao vivo pela internet na qual ofendeu o atual presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, filho de Fernando Santa Cruz. Bolsonaro colocou em dúvida se o desaparecimento e a morte do pai dele teriam sido responsabilidade da ditadura que governava o país à época. Bolsonaro não apresentou provas e contrariou documentos oficiais e das próprias Forças Armadas, que atestam que Santa Cruz desapareceu após ter sido preso pelas forças de segurança do regime. À época, ele estudava na Faculdade de Direito da UFF.
A Aduff-SSind se solidariza com o DCE-Fernando Santa Cruz e corrobora com a defesa de que as circunstâncias desse princípio de incêndio sejam rigorosamente apuradas. “Existem diferentes versões, mas uma delas é que teria sido criminoso, motivado pela presença da irmã de Fernando Santa Cruz. Se no atual contexto um princípio de incêndio numa entidade que faz oposição ao governo já deveria ser investigada, isso se torna mais grave diante das falas do presidente contra a família Santa Cruz e as ameaças que esta família tem sofrido em decorrência disso”, afirma a professora Marina Tedesco, presidente da Aduff-SSind, a Associação dos Docentes da UFF - seção sindical do Andes-Sindicato Nacional.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
