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Set
03
2019

Governo asfixia pesquisa e, mais uma vez, Capes suspende 5613 bolsas de pós-graduação

Presidente da Aduff relaciona novos cortes ao ‘Future-se’ e diz que governo Bolsonaro quer determinar que as pesquisas estejam atreladas aos interesses do mercado

Em destaque, Abraham Weintraub, ministro da Educação do governo Bolsonaro Em destaque, Abraham Weintraub, ministro da Educação do governo Bolsonaro / Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Brasília-DF

Pela terceira vez no ano, o governo Bolsonaro corta recursos para o fomento à pesquisa, Ciência, Tecnologia e Educação.   A Capes anunciou o corte de 5613 bolsas de mestrado, de doutorado e de pós-doutorado no país. O governo afirma que as bolsas em curso não serão interrompidas e diz ainda que espera economizar R$38 milhões em 2019 com as que não mais serão ofertadas.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, em oito meses de gestão, Bolsonaro extinguiu 11.811 bolsas de pesquisa financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior, a Capes, que, teve R$300 milhões contingenciados este ano. Recentemente, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) também anunciou a suspensão de novas bolsas e disse que os atuais bolsistas correm o risco de não receber os recursos a partir de setembro.

A medida inviabiliza a formação de novos pesquisadores e foi criticada pelo Andes-SN e pela Aduff-SSind. Em nota, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior - Andes-SN afirma que, por baixo da justificativa pelo viés econômico - o governo quer inviabilizar a entrada e a permanência de estudantes cotistas e filhos da classe trabalhadora.

"No momento em que a Educação Superior mais expressa a diversidade do povo brasileiro, a partir das conquistas dos Movimentos Sociais com a implementação de políticas públicas, o Governo Federal, com um discurso preconceituoso e sem apresentar os dados reais relacionados ao orçamento da União, escolheu como inimigo a educação, promovendo um verdadeiro desinvestimento", diz trecho do documento.

Pela direção da Aduff, Marina Tedesco, presidente da seção sindical dos docentes da UFF, entende que o governo de Jair Bolsonaro demonstra a submissão do seu projeto de Brasil. “Esses novos cortes reforçam o que temos denunciado sobre o projeto deste governo para a educação antes mesmo de ele tomar posse: que o Brasil volte a ser um país absolutamente dependente e subserviente no que diz respeito à ciência e tecnologia”, disse.

Para ela, o governo Bolsonaro quer determinar que as pesquisas estejam atreladas aos interesses do mercado e não necessariamente voltadas para a sociedade. “O que está em jogo é um projeto de elitização da universidade. Este governo já afirmou que não é toda a população que tem que frequentar a universidade, e sim alguns poucos. Sem bolsa, nós sabemos que quem vai frequentar a pós-graduação no Brasil serão as pessoas com classe mais alta, brancas, em geral homens e que estão nas cidades maiores cidades do país”, considerou a docente.

Segundo Marina Tedesco, é preciso ainda relacionar esses novos cortes ao programa ‘Future-se’, que prevê a desresponsabilização do Estado com o financiamento da Educação pública tanto na graduação quanto na pós-graduação.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira

Em destaque, Abraham Weintraub, ministro da Educação do governo Bolsonaro Em destaque, Abraham Weintraub, ministro da Educação do governo Bolsonaro / Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Brasília-DF

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