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Jun
29
2019

Julgamento no STF é adiado e liminar que suspende permissão para reduzir salários segue em vigor

Governo pressiona para que STF julgue ações sobre LRF, que inclui artigo que permite reduzir salários de servidores quando meta fiscal não for cumprida

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, comunicou o adiamento do julgamento das ações que contestam pontos da Lei de Responsabilidade Fiscal, entre eles o artigo que permite a redução de salários de servidores, que estava previsto para a sessão do dia 26 de junho. O ministro não estabeleceu nova data, disse apenas que a apreciação das matérias ficará para o segundo semestre.

Apesar de listado como primeiro item da pauta da sessão da tarde, as ações penais que estavam em discussão pela manhã acabaram se estendendo - o que fez com que a LRF não entrasse em discussão. Permeia a discussão em torno da redução salarial a crise financeira dos estados, que direcionam fatias expressivas de suas arrecadações para pagar juros das dívidas públicas, em especial a contestada dívida com a União. 

Na prática, o que os onze ministros do STF vão decidir é se um quarto dos salários dos servidores podem, eventualmente, serem redirecionados para pagar juros ou amortizações da dívida pública, recursos que ao final acabam alimentando o sistema financeiro. 

Essa equação ficou evidente na exposição do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, na audiência pública realizada no STF na véspera do possível julgamento. O representante do governo Bolsonaro disse que leis que estendiam prazos para pagamento de dívidas asseguraram recursos que foram, na visão dele, ‘mal usados’ pelos estados. Ele resumiu, numa frase, o que está de fato para ser apreciado no Supremo: “Na maioria dos estados, isso foi transformado em aumento salarial. O problema não é a dívida, mas o gasto com pessoal”, disse, secundarizando as despesas com as dívidas públicas, que consomem boa parte do orçamento em todas as esferas de governo.

Pressão do governo

Tanto o governo federal quanto governadores vêm pressionando para que o STF abra caminho para a redução de salários - que poderiam ser diminuídos proporcionalmente à jornada em até 25%. A regra, suspensa por uma liminar de 2002, poderia ser aplicada por municípios, estados e União quando o ente da federação não cumprir os limites de despesas com o funcionalismo fixadas na própria Lei de Responsabilidade Fiscal. 

O atual relator do processo é o ministro Alexandre Moraes. Também estará em discussão a inclusão ou não de pensionistas como gastos com pessoal, o que pode tornar o impacto de uma eventual decisão contrária aos servidores ainda mais grave para o conjunto da categoria.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

 

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