Abr
08
2019

Com salários atrasados, trabalhadores da limpeza da UFF voltam a paralisar atividades nesta segunda (08)

Aduff-SSind se solidariza com trabalhadores; pagamento referente ao mês de março deveria ter caído no dia 05

Os trabalhadores da empresa terceirizada Luso-Brasileira responsáveis pela prestação de serviços gerais na Universidade paralisaram as atividades na manhã desta segunda (08) após iniciarem mais um mês com os salários atrasados. Os terceirizados deveriam ter recebido na sexta-feira passada (05), quinto dia útil de abril. Por conta da paralisação, o Restaurante Universitário do campus do Gragoatá alterou o seu horário de funcionamento para 12h às 14h, com abertura só do Refeitório 1. Os trabalhadores se reúnem novamente em assembleia, na manhã de terça (09), às 7h, em frente ao campus do Gragoatá.

De acordo com o diretor jurídico do sindicato que representa os trabalhadores, Nézio Francisco, do Sintacluns, a empresa Luso-Brasileira tem um contrato emergencial com a UFF para limpeza e conservação predial da Universidade. Também de acordo com ele, a UFF deve mais de 23 milhões de reais à empresa. “Existe grande temor entre os trabalhadores que em caso de encerramento do contrato entre Universidade e empresa, e de possíveis demissões, não haja dinheiro para o pagamento da rescisão dos funcionários”, alerta.

No dia 25 de março, a mesma empresa enviou ofício à Administração da UFF comunicando o rompimento de contrato de prestação de serviços para o transporte de estudantes e servidores da instituição de ensino através do BusUFF, alegando que não teria mais condições de manter os motoristas sem o repasse de verbas da universidade. A empresa responsável pelo serviço de jardinagem também rompeu o contrato com a UFF antes mesmo da volta às aulas.

Em entrevista ao Jornal O Fluminense, publicada neste domingo (07), o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reconheceu que a UFF deve às empresas terceirizadas e falou dos desafios que a gestão tem enfrentado para administrar a Universidade com orçamento inferior aos custos para a manutenção da universidade.

Segundo ele, para manter todos os campi em funcionamento, a UFF precisa de cerca de R$ 187 milhões ao ano, mas à Universidade foi destinado neste ano orçamento de R$ 170 milhões. “Tem R$ 17 milhões de déficit para começar. E o governo ainda libera os R$ 170 milhões como se fosse mesada, mas desde de janeiro, em vez de pagar isso dividido em 12, um decreto decidiu que só vai passar um dezoito avos mensais, ou seja, vai me cortar todo mês 30% do orçamento que eu tenho direito”, declarou ao jornal.

A situação da universidade em decorrência dos cortes orçamentários será um dos principais temas da assembleia geral descentralizada dos docentes da UFF, que acontece entre os dias 9 e 10, em sete cidades em que a Universidade está presente. Veja aqui: Assembleia Descentralizada nos dia 9 e 10 de abril debate ajuste fiscal na UFF e MP 873

Para a presidente da Aduff-SSind, Nina Tedesco, os cortes que comprometem a Universidade são consequências diretas da EC 95, do Governo Temer, que estabeleceu teto nos gastos da União, restringindo por 20 anos investimentos em políticas sociais, como saúde e educação públicas, e desrespeitando os percentuais mínimos de investimento previstos na Constituição."Não existe educação pública de qualidade sem orçamento público destinado para isso. É urgente que nós docentes nos reunamos para debater a situação da UFF e a importância de nos mobilizarmos mais do que nunca para defender a a universidade pública", defende.

 

Da Redação da Aduff | Por Lara Abib

Fila no bandejão nesta segunda (08) | Foto: Luiz Fernando Nabuco

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