Jan
17
2019

Vélez desconsidera eleição e não nomeia diretora escolhida para o Ines

Decisão do MEC é repudiada por servidores do Instituto Nacional de Educação de Surdos; chapa vencedora diz esperar que compromisso dos candidatos em respeitar resultado seja cumprido

 

Prédio do Ines, em laranjeiras, na Zona Sul do Rio Prédio do Ines, em laranjeiras, na Zona Sul do Rio / Reprodução internet

DA REDAÇÃO DA ADUFF

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, desconsiderou o resultado da eleição para a direção do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), no Rio de Janeiro, e nomeou para ocupar o cargo o segundo colocado na disputa e na lista tríplice enviada pelo conselho da instituição ao ministério.

A Assines - sindicato que representa os servidores técnico-administrativos e docentes do instituto, disse que a medida “fere os princípios democráticos que vinham norteando” o instituto. “Continuaremos na luta contra o autoritarismo”, afirma, em nota divulgada na quarta-feira (16), data em que a nomeação do professor Paulo André Martins de Bulhões, que integrava a Chapa 4, foi publicada no Diário Oficial.

A Chapa 1, vencedora com a professora Solange Rocha, disse ter recebido com surpresa a nomeação e acreditar que o docente escolhido pelo ministro terá a postura moral de recusar o cargo e respeitar a decisão da maioria da comunidade escolar do Ines. “Em detrimento da triste nomeação, que contraria o desejo da comunidade do Ines, reconhecemos o lugar da Ética como norteador para qualquer ação democrática e, por isso, acreditamos que o servidor ora nomeado reforçará e honrará a sua posição moral, assumida publicamente e firmada em documento arquivado pela Associação dos Servidores do INES, no período de campanha, e declinará da nomeação que, certamente, ocorrera à sua revelia.”, diz trecho de nota divulgada pela Chapa 1.

A eleição para direção do Ines envolveu técnicos, docentes e estudantes. Quatro chapas disputaram o pleito, sendo que três delas assinaram compromisso de respeitar o resultado e não aceitar eventuais nomeações que não sejam a do vencedor. Paulo Bulhões está entre os que assinaram o compromisso, articulado pelo sindicato dos servidores.   

Sobre isso, diz  nota da Assines: “Sempre fomos publicamente contra a existência da Lista Tríplice por se tratar de um mecanismo autoritário criado no período da Ditadura Civil Militar, que se iniciou em 1964, e que limita a fundamental autonomia das instituições federais de ensino. Por conta disso, durante o processo eleitoral, a Assines apresentou a todos os candidatos à direção do Instituto uma carta redigida coletivamente em assembleia dos servidores, em que constava o compromisso de cada candidato a não assumir a Direção Geral do Ines caso não fosse o primeiro colocado nas eleições. As chapas 1, 2 e 4 assumiram publicamente esse compromisso.”.

São conhecidas as posições do atual governo contrárias à eleição democrática de reitores e direções para universidades, institutos e colégios públicos federais. Daí a preocupação do sindicato dos servidores do Ines em buscar o compromisso das chapas que disputavam o pleito com o resultado e com a defesa de que o eleito seja nomeado para o cargo.

Eleita

A professora Solange Rocha dirigiu o Instituto Nacional de Educação de Surdos de 2010 a 2014, quando foi eleita diretora-geral da instituição. Graduada em História pela UFF e em Pedagogia pela pela Uerj, é mestre em Educação Especial pela Uerj e doutora em Educação pela PUC-RJ. Está no Ines como professora há 34 anos, onde ingressou em 1984 por concurso público. Pouco antes, em 1982, como aluna, fez o Curso de Especialização para Deficientes da Audição.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho

Prédio do Ines, em laranjeiras, na Zona Sul do Rio Prédio do Ines, em laranjeiras, na Zona Sul do Rio / Reprodução internet

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