Dez
10
2018

Dois militantes do MST são assassinados na Paraíba

Procuradoria Geral da República (PGR) condenou extermínio, que aconteceu às vésperas dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Velório de Orlando Velório de Orlando / Foto: Christian Woa

Dois dias antes dos 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, José Bernardo da Silva (conhecido por Orlando) e Rodrigo Celestino, foram assassinados a tiros em Alhandra (João Pessoa/Paraíba), na noite de sábado (8).

De acordo com a nota divulgada pela direção do MST-PB, o assassinato foi cometido por capangas encapuzados e fortemente armados, enquanto as vítimas jantavam no acampamento Dom José Maria Pires, área da Fazenda Garapu - pertencente ao Grupo Santa Tereza, ocupada desde julho de 2017 por cerca de 450 famílias que lutam pela reforma agrária.

Segundo o site da Polícia Civil da Paraíba, as investigações apontam para a hipótese de execução, pois as vítimas estavam acompanhadas de duas outras pessoas no momento do crime. Essas testemunhas se afastaram, a pedido dos atiradores, que queriam alvejar apenas Orlando e Rodrigo. 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra “exige celeridade nas investigações e convoca os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade a seguirem em luta contra a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo”. 

Solidariedade da Procuradoria Geral da República 

A Procuradoria Geral da República (PGR), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) e a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão na Paraíba (PRDC/PB), órgãos do Ministério Público Federal, manifestaram solidariedade aos familiares de José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino.

"Diante desse quadro, a PGR, a PFDC e a PRDC/PB reiteram o compromisso com a proteção dos direitos humanos dos assentados e envidarão todos os esforços perante os órgãos de investigação para que a autoria do duplo assassinato seja esclarecida e os responsáveis punidos conforme a lei", afirma a nota, assinada por Raquel Dodge, Procuradora-Geral da República, Deborah Duprat, Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão e José Godoy, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão.

Futuro Ministro de Bolsonaro defendeu ‘bala’ contra MST

O extermínio aconteceu na mesma semana em que o nome de Ricardo Salles (Partido Novo) foi anunciado para o Ministério do Meio Ambiente do Governo de Jair Bolsonaro. O advogado e futuro ministro responde processo movido pelo Ministério Público de São Paulo sob acusação de fraude contra a legislação ambiental, à época em que compôs equipe do governo de Geraldo Alckmin. 

Ricardo Salles conta com apoio da bancada ruralista e preside o movimento “Endireita Brasil”. Durante a campanha ao cargo de deputado federal por SP, usou as redes sociais para incitar a violência. 

Mesmo após nota do Partido Novo criticando o posicionamento do candidato, Salles ainda se manifestou "contra a bandidagem no campo", se referindo aos movimentos que lutam pela democratização das terras no país. Defendeu o uso do fuzil ‘3006’, seu número nas urnas, em alusão à munição que deveria ser usada para silenciar qualquer tipo de manifestação. 

Salles e Bolsonaro estão afinados ideologicamente, pois o presidente eleito prometeu tipificar atos do MST e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) como terrorismo.

Da Redação da ADUFF  | Por Aline Pereira

Velório de Orlando Velório de Orlando / Foto: Christian Woa

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