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Out
30
2018

Menos de 24h após eleito, Bolsonaro fala em aprovar PEC da Previdência de Temer imediatamente

Em entrevista à TV Record, o presidente que tomará posse em janeiro de 2019 disse que tentará votar reforma ainda em 2018; Aduff convoca assembleia descentralizada dias 6 e 7 de novembro; docentes, estudantes e técnicos se reúnem no dia 31

 

Eleito presidente da República há menos de 24 horas, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) disse em entrevista que tentará aprovar a reforma da Previdência, a mais impopular proposta defendida pelo atual governo, ainda em 2018.  O capitão reformado do Exército afirmou que entrará em contato com o presidente Michel Temer (MDB) para tentar aprovar a Proposta de Emenda Constitucional 287/2016 na íntegra, ou ao menos em parte dela, antes de assumir o cargo – o que acontecerá em janeiro de 2019.

Como já sinalizavam alguns membros de sua equipe e apoiadores, Bolsonaro quer aprovar a reforma agora para evitar o desgaste de tal medida logo no início de seu governo. Pesquisas de opinião vinham indicando que a PEC 287 é extremamente impopular e rejeitada por mais de 70% da população.

A PEC 287 tramita na Câmara dos Deputados desde 2016. Caso seja aprovada, adiará ou inviabilizará o direito à aposentadoria de milhões de trabalhadores brasileiros. Além disso, resultará na redução total ou parcial de benefícios e do valor de quem conseguir se aposentar. A proposta já passou pelas comissões especial e de justiça. Está pronta para ser levada a voto no Plenário da Câmara dos Deputados. Aprovada, segue para o Senado Federal.

Record

As informações de Bolsonaro foram dadas em entrevista ao vivo à TV Record, na segunda-feira (29), dia seguinte às votações do segundo turno. Recém-eleito, ele passou o dia gravando entrevistas para órgãos de comunicação da mídia comercial. Além da TV Record, falou ainda à TV Globo, ao Jornal da Band, ao SBT e à Rede Vida.

A afirmação com relação à Previdência ocorreu na TV Record, que pertence ao bispo Edir Macedo, fundador da igreja evangélica Universal. Macedo declarou publicamente apoio a Bolsonaro. Foi o primeiro veículo a quem o presidente eleito concedeu entrevista e onde esteve por mais tempo, 33 minutos. Bolsonaro disse que as conversas neste sentido já começaram. "Muitos partidos vieram conversar comigo", afirmou.

Em outra recente declaração, a poucos dias do segundo turno, ele dissera que a reforma da Previdência precisa ser aprovada, mas que isso só seria possível caso realizado em etapas e com mudanças paulatinas. Também vinha alegando que a proposta enviada pelo presidente Temer ao Congresso Nacional era ruim justamente por ser abrangente demais e, com isso, ser alvo de campanhas organizadas pela esquerda.

Na entrevista à Record, no entanto, não escondeu que gostaria de aprovar a proposta na íntegra. "Semana que vem estaremos em Brasília e tentaremos junto ao atual governo de Michel Temer aprovar alguma coisa. Senão toda a reforma da Previdência, ao menos parte, para evitar problemas para um futuro governo", afirmou o presidente eleito.

Ameaças

Ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, Bolsonaro disse que a declaração sobre expulsar os militantes de esquerda e ativistas do país se referia a “dirigentes do PT e do PSOL”, e que fora dada no calor da manifestação na Avenida Paulista.

No domingo (21), uma semana antes da votação do segundo turno, o capitão reformado do Exército ameaçou em discurso expulsar do país ou colocar na cadeia militantes de esquerda, ativistas sociais e sindicalistas, caso não recuem em suas posições e permaneçam como oposição ao governo nos próximos anos. Bolsonaro classificou essas atividades de militância política e social como ilegalidades. As ameaças foram associadas, nas redes sociais, ao slogan trabalhado pela ditadura empresarial-militar na década de 1970 com ares de patriotismo: “Ame-o ou deixe-o”.

O discurso foi transmitido via internet a apoiadores que se concentravam na av. Paulista. A transmissão partiu de sua casa, um condomínio na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Pausadamente, vestindo uma camiseta, Bolsonaro quase soletra as palavras, interrompendo a fala algumas vezes para fazer sinais às manifestações dos apoiadores, aos quais observava por meio da tela de um celular exibido por um assessor. O modo como fez o discurso, longe de aparentar declarações intempestivas, demonstrava que ele fora previamente decorado ou estava sendo repassado a ele por meio de um ponto de áudio no ouvido.

À emissora de TV, disse ainda que fará uma “faxina” no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).“Eu vou fazer a faxina. A faxina será em cima dos que não respeitam a lei, como o pessoal do MST”, afirmou. “O movimento social que invade, depreda e faz barbaridade não tem conversar. Por isso eu quero armar o fazendeiro”, disse o futuro presidente, que contou durante todo o processo eleitoral com apoio de setores estratégicos do agronegócio. Não à toa, Bolsonaro prometeu um pacotão de medidas – embora não tenha esclarecido qual - para beneficiar 'o homem do campo' e os fazendeiros.

Plenária

No dia 31 de novembro, no auditório do Bloco F (Faculdade de Economia, no campus do Gragoatá), haverá uma plenária conjunta dos três segmentos da comunidade universitária. Estudantes, professores e técnicos vão se reunir a partir das 17h para avaliar a conjuntura política. A atividade é convocada pela Aduff-SSind, em conjunto com o Diretório Central dos Estudantes  - DCE Fernando Santa Cruz e com o Sindicato de Trabalhadores em Educação da UFF – Sintuff.

Assembleia Descentralizada

Os desafios decorrentes da eleição de Bolsonaro devem ser debatidos pelos docentes da Universidade Federal Fluminense na assembleia descentralizada que está sendo convocada pela Aduff-SSind entre os dias 6 e 7 de novembro (o calendário completo será divulgado em breve). Em pauta: informes; conjuntura e encaminhamentos. Também serão discutidas as mobilizações para defender os direitos sociais, trabalhistas e democráticos, que estão fortemente sob ameaça.

 

Terça-feira, dia 06/11

Niterói, às 14 horas

 

Quarta-feira, dia 07/11

Angra, às 16h30, na sala 5

Friburgo, às 17 horas, local a confirmar

Volta Redonda, às 17h, local a confirmar

 

Da Redação da Aduff/SSind - Por Hélcio Duarte e Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff-SSind

 

 

 

 

 

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