Carta aberta
Niterói, 19 de outubro de 2018.
Somos docentes de Psicologia nos Cursos de Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense/Niterói. Nos últimos quase 50 anos de existência da Psicologia na UFF, temos afirmado e sustentado a multiplicidade do saber psicológico, composto por diferentes abordagens teórico-práticas. A multiplicidade, no entanto, é sustentada e afirmada a partir de um eixo, uma coluna vertebral, que nos reúne: a aposta numa formação profissional que prima pela livre expressão de corpos, que se perfaz na luta diária em diversos enfrentamentos, seja contra o racismo, o machismo, o capacitismo, a transfobia, a homofobia ou contra toda e qualquer forma de violência e de opressão. A multiplicidade da Psicologia ergue-se no compromisso social e político com a afirmação de um mundo mais justo, menos desigual; com a afirmação, em última instância, da democracia.
No cenário eleitoral que se evidencia no Brasil, especialmente no segundo turno, temos visto uma candidatura que se caracteriza pelo elogio a torturadores, pelo chamado à opressão às minorias, pela proposição de políticas que implicam em retrocessos no plano dos direitos humanos, dos direitos trabalhistas, conquistados a tão duras penas em nosso país. Sabemos que os regimes políticos opressores matam, torturam, violam liberdades e silenciam vozes dissidentes. Conhecemos a história e aprendemos com ela. Nas práticas de sala de aula, nos atendimentos clínicos e nos demais espaços de intervenção psicossocial nos quais atuamos, temos percebido que muitas pessoas estão sendo ameaçadas, agredidas e coagidas nos seus direitos de existir. O medo se faz presente no cotidiano dessas pessoas, por integrarem, de uma ou de diversas formas, grupos minoritários que se tornaram alvo de ataques, acionados pelas declarações violentas, recorrentes e insistentes de um dos candidatos. Cabe a nós, psicólogos e docentes, nos posicionarmos frente ao atual cenário para reafirmamos o direito à diversidade dos modos de vida. Por compromisso inequívoco da Psicologia, nos posicionamos junto da candidatura de Fernando Haddad e Manuela d’Ávila, porque entendemos que é uma candidatura de resistência e de enfrentamento ao autoritarismo; é uma candidatura de afirmação da democracia. Com nosso voto podemos e devemos afirmar que o Brasil siga adiante nos direitos já conquistados, sem dar nenhum passo atrás. Esse documento é também um chamado: tortura nunca mais! Pela vida, pela democracia! Haddad sim!
Assinam o documento:
Abrahão Oliveira Santos
Adriana Rosa Cruz Santos
Ana Claudia Lima Monteiro
André do Eirado Silva
Bernadete de Lourdes Alexandre Mourão
Catarina Mendes Resende
Carlos Costa
Cecília Coimbra
Cláudia Osório da Silva
Cristina Mair Barros Rauter
Cristine Monteiro Mattar
Danichi Hausen Mizoguchi
Eduardo Henrique Passos Pereira
Elton Hiroshi Matsushima
Emanuelle Aguiar
Francisco de Assis Palharini
Francisco Leonel de Figueiredo Fernandes
Giselle Falbo Kosovski
Helder Pordeus Muniz
Janes Santos Herdy
João Batista Rezende
Johnny Menezes Alvarez
José Novaes
Júlio Carlos Figueiredo
Katia Faria de Aguiar
Lilia Ferreira Lobo
Luiza Rodrigues de Oliveira
Marcelo Santana Ferreira
Marcia Oliveira Moraes
Maria Lídia Alencar
Maria Lívia do Nascimento
Mary Yale Rodrigues Neves
Maudeth Py Braga
Paula Land Curi
Paulo Eduardo Viana Vidal
Renata Alves de Paula Monteiro
Ricardo de Sá
Roberto Novaes de Sá
Silvana Mendes Lima
Sílvia Amorim
Sílvia Helena Tedesco
Stallone Abrantes
Teresa Cristina Carreteiro
Tiago Régis
Valmir Cândido Sbano