Out
25
2018

Em ato público, Faculdade de Direito da UFF reforça compromisso com luta pela manutenção da democracia e contra o fascismo

Na terça (23), fiscais do TRE e PM entraram na Faculdade sem mandado de busca e apreensão e retiraram bandeira com dizeres “Direito UFF Antifascista”, hasteada pelos estudantes na fachada do prédio, na noite anterior.

O ato contra o autoritarismo e a postura arbitrária do TRE contou com grande adesão da comunidade acadêmica e chegou a fechar a rua em frente ao prédio da Faculdade de Direito da UFF, na noite desta quarta (24). A manifestação também contou com a participação de docentes e estudantes de outros cursos da UFF e de outras instituições, como a Faculdade Nacional de Direito (FND) da UFRJ. Os estudantes produziram adesivos e camisetas em defesa da democracia e contra o fascismo com a cor laranja da Faculdade. Durante toda a manifestação, a Guarda Civil e a Polícia Militar estiveram presentes no local.

”Vendo as agressões que começaram a acontecer após o 1°turno a pessoas adesivadas, em especial mulheres, negros e lgbts, abraçamos a bandeira antifascista numa tentativa de dizer que nós repudiamos completamente esse tipo de movimento. A bandeira foi colocada lá para deixar explícito que nós defendemos o Estado Democrático de Direito, defendemos uma eleição estritamente democrática e que as pessoas tenham liberdade de expressão e direito de ir e vir”, afirma a estudante do 8° período e integrante do Coletivo de estudantes negros - Caó, Mariana Ayodeli.

De acordo com relatos de professores e alunos, agentes de fiscalização do Tribunal Eleitoral entraram na Faculdade sem qualquer documento que autorizasse a fiscalização, apoiados em um suposto “mandado verbal”. Promoveram a varredura do prédio, interromperam aulas e avançaram sobre o espaço do Centro Acadêmico Evaristo da Veiga (Caev).

No momento seguinte, a Polícia Militar entrou no campus, auxiliando a retirada da bandeira, sob a alegação de combater “propaganda política negativa”. Vale ressaltar, entretanto, que na bandeira não havia qualquer menção a nenhum candidato que caracterizasse infração à legislação eleitoral. Devido a mobilização estudantil e docente, a bandeira não foi apreendida pelos agentes do TRE-RJ, sendo hasteada novamente horas depois.

Em nota publicada na noite do ocorrido, a diretoria da Aduff-SSind, caracterizou a ação como ‘inaceitável’. “É inaceitável que, desfazendo do seu dever de exercer o poder fiscalizatório na forma da lei, a Justiça promova insegurança, incite o conflito e aja sem qualquer base legal para impedir a manifestação livre do pensamento, de nenhuma forma contrária ao que determina a legislação eleitoral”, destaca o documento.

No ato, os estudantes recuperaram o histórico de lutas estudantis na UFF pela democracia. “Em 1964, a Faculdade de Direito da UFF perdeu um estudante, Fernando Santa Cruz, que hoje dá nome ao nosso DCE. Fernando foi desaparecido pela ditadura militar porque lutava pela democracia e contra a ditadura. É nossa tarefa continuar essa luta”, destacou o estudante do curso de Direito e integrante do DCE-UFF, Ramon Rodrigues.

Também presente no ato, a professora de Sociologia e diretora da Aduff-SSind, Wilma Lucia Rodrigues Pessôa, reiterou o apoio da associação de docentes à mobilização e se somou à indignação de alunos, professores e técnicos-administrativos da Faculdade de Direito, reafirmando a necessidade de seguir lutando pela universidade e pela democracia. “Enquanto sindicato, não estamos apenas solidários, estamos juntos”, disse no ato.

O professor da Faculdade de Direito da UFF, Enzo Bello, também parabenizou a mobilização dos estudantes. “Quando eu cheguei nessa faculdade na segunda, quem estava na linha de frente eram as estudantes e os estudantes. Não temos que esperar retorno de autoridade, quem tem que defender essa casa somos nós. A universidade é pública, é gratuita, tem que ser de qualidade. Contra o pagamento de mensalidades, contra privatizações, contra o sucateamento do ensino e contra o patrulhamento ideológico. Em defesa de uma universidade que seja do povo e que esteja com as portas abertas para quem mais necessita e a quem possa trazer a diversidade de visões e opiniões. Eu vou encerrar e quero dizer de novo que tenho muito orgulho de conviver com vocês aqui no dia a dia e a luta não vai parar”, destacou.

Da Redação da Aduff - Por Lara Abib
Fotos: Zulmair Rocha / Aduff-SSind

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