Set
20
2018

TRE volta à UFF de Campos e intima diretor a proibir panfletagem política na unidade

Para a Aduff-SSind, ação explicita que autonomia universitária, liberdades civis e democráticas estão sob ataque no país

Docentes de várias instituições públicas de ensino têm sido alvo de práticas consideradas intimidatórias, que atentam contra a autonomia universitária garantida pela Constituição de 1988. Exemplo recente das tensões políticas que antecedem o período eleitoral envolve o professor Roberto Rosendo, diretor do Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional (ESR) da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes, que na quarta-feira (19), recebeu intimação do juiz Ralph Manhães.

O documento afirma que o docente "deve se abster de praticar ou permitir ato de adesivação e panfletagem no interior dessa instituição, bem como a realização de reunião partidária ou manifesto político em desrespeito à legislação eleitoral e o princípio da isonomia com demais partidos e correntes políticas durante o período pré-eleição sob as penas da lei”.

A intimação foi entregue seis dias depois de a comunidade acadêmica da UFF em Campos ter se pronunciado acerca da visita de um magistrado eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral/RJ ao campus universitário, acompanhado de fiscais e policiais militares, que culminou com o arrombamento da sede do DCE. Há relatos de que também teria havido a revista de pertences, a apreensão de documentos pessoais, retirada à força de adesivos das vestimentas dos presentes e a proibição de que voltassem a portá-los na universidade.

A professora Marina Tedesco, presidente da Aduff-SSind, estava naquela unidade da UFF na noite de quarta-feira (19), reunida com outros docentes da instituição justamente para dialogarem sobre a ação do TRE, realizada no dia 13 próximo passado. Ela conta que a intimação foi entregue ao diretor Roberto Rosendo cerca de meia hora após o término da conversa entre os docentes.  O TRE foi à Universidade para apurar, provocado por uma denúncia, a realização de reunião estudantes com caráter político-partidário. Após, entregou a intimação ao professor Roberto Rosendo.

Para a dirigente sindical, assim como a UFF de Campos dos Goytacazes, outras universidades públicas do país têm sido vítimas de interpretações abusivas da lei, com execuções truculentas destas interpretações, que acompanham a restrição às liberdades civis e democráticas que acontecem nos últimos anos no país.

“Não há dúvidas que setores conservadores estão utilizando as denúncias, quase sempre anônimas, para tentar calar o pensamento crítico e a politização inerente às universidades, que cada vez mais vê sua autonomia desrespeitada. E a ADUFF seguirá se posicionando intransigentemente contra tudo isso”, problematizou a docente.

DA REDAÇÃO DA ADUFF |Por Aline Pereira

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