Set
20
2018

Mobilização e unidade são reafirmados para enfrentar desmonte e privatização das universidades

Eblin Farage, do Andes-SN, e Valdenise Ribeiro, da Fasubra, criticam a precarização e os ataques à universidade pública, que resiste em tempos de EC 95

DA REDAÇÃO DA ADUFF

A saída para essa crise é a luta. Essa é a conclusão da técnica-administrativa Valdenise Ribeiro e da professora Eblin Farage - convidadas da atividade de quarta-feira (19), que aconteceu no campus da UFF no Gragoatá, com o tema "Crise nas Universidades: nossas alternativas?"  

O evento organizado pela representação dos três segmentos da Universidade Federal Fluminense - Aduff-SSind, Sintuff e DCE/UFF - previsto inicialmente para ser um debate, tornou-se, na prática, uma roda de conversa entre as participantes, com transmissão ao vivo pela página da Aduff-SSind no Facebook.

De acordo com Valdenise Ribeiro, dirigente da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) e servidora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o caminho em defesa da educação pública é árduo e exige unidade entre movimento estudantil, docentes e técnico-administrativos - concursados e terceirizados.

"Está em curso um projeto de desmonte das Universidades Públicas, que hoje são 63 em mais de 300 campi, com cerca de 40 hospitais universitários e infinidades de serviços oferecidos à população", disse. Ela lembra que, em dez anos, o número de estudantes dobrou e que o investimento não acompanhou o aumento de demandas por assistência estudantil, corpo técnico e docente, manutenção e infraestrutura.

Citou ainda a recente tragédia envolvendo o Museu Nacional, cujo prédio bicentenário e boa parte do acervo de mais de 20 milhões de peças foram incendiados no último dia 2, como símbolo desse projeto de desmonte do que é do povo.

"Esse incêndio na UFRJ tem a ver com o projeto de sucatear cada vez mais a coisa pública", disse Valdenise, reafirmando a disposição de se posicionar contra as políticas que pretendam tornar a Universidade modelo de Educação Empresarial.

Público e Universal

“Que crise é essa? Esse projeto que vem sendo implementado está a serviço de quem?” indagou Eblin Farage, professora da Escola de Serviço Social da UFF e atual secretária-geral do Andes-SN.  

De acordo com a docente, o desafio posto é dialogar com a comunidade acadêmica para demonstrar que o projeto que está em curso no Brasil e que não começa agora – mas vem sendo encaminhado por sucessivos governos que se alinham à proposta de ensino aligeirado a partir da perspectiva de que a Educação é um produto para consumo, que deve formar para o mercado de trabalho.

Eblin Farage criticou a Emenda Constitucional 95, a do teto dos gastos, que limita o orçamento público em vinte anos e asfixia setores essenciais como os de Saúde e de Educação.

Para ela, a Universidade tem resistido às diversas tentativas de esvaziamento da sua missão; o sentido de público é ser universal, de qualidade, para todos. “O que temos ainda não é o que achamos que deveria ser – precisamos ampliar nossa rede de atendimento com estrutura, técnicos, professores, políticas de permanência, além do acesso. Mas o que vivemos é um conjunto de cortes com a redução do papel da Universidade pública”, problematizou Eblin.

A docente criticou ainda as parcerias público-privadas, a política de terceirização irrestrita e a regulamentação do edital de professor voluntário para as Instituições de Ensino Superior - situações que expressam que a forma descompromissada com a qual os governantes pensam a Educação no país, à qual sobrevive sem o aporte necessário de verbas públicas. "O governo tem anunciado a fundação de novas universidades, a partir da emancipação de campi do interior. Em tempos de EC 95, de redução do orçamento, como será montada a estrutura administrativa?", ponderou.

Para a docente, defender a Universidade Pública é questão de sobrevivência. “Construiu-se a ideia de que o público não é bom e destruir a Universidade é o caminho para tentar provar que ela não é boa. Entretanto, mesmo com todas as dificuldades, ela ainda é incomparavelmente excelente no princípio que a gere: pesquisa, ensino e extensão”, afirmou a secretária-geral do Andes-SN.

DA REDAÇÃO DA ADUFF |Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ADUFF-SSind.

 
 
 
 

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