Set
05
2018

Do luto à luta: população chora incêndio do Museu Nacional e protesta contra descaso em ato na Quinta da Boa Vista

Na manhã desta segunda (03), trabalhadores, pesquisadores e frequentadores do Museu Nacional acordaram cedo para chorar o incêndio que destruiu o maior acervo cultural e científico da América Latina e para denunciar o descaso dos governantes com as instituições públicas de ensino e pesquisa do país. Sob sol quente e com roupas pretas que simbolizavam o luto pela tragédia, a população foi se reunindo em frente à entrada principal da Quinta da Boa Vista, fechada pela Guarda Municipal e depois pela Polícia Militar. A promessa de que o portão seria aberto para que o ato pudesse "velar" o Museu foi das 9h até o meio dia. Se num primeiro momento a administração do Museu e da UFRJ negociaram a entrada dos manifestantes com a Defesa Civil, num segundo foi a Prefeitura que condicionou a entrada da população na Quinta mediante a colocação de grades para proteger o perímetro do Museu. O fechamento dos portões gerou tensão entre os participantes do ato, que argumentavam que não era da população que o Museu destruído pelas chamas deveria ser protegido. Agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar agrediram e lançaram bombas de efeito moral para tentar dispersar a multidão que reivindicava entrada no espaço público. Por volta das 13h, os portões finalmente foram abertos.

“A noite de ontem ainda está muito longe de acabar. O incêndio é uma tragédia, é uma catástrofe, é um crime, mas não é surpreendente. Há muitos anos a gente vem denunciando que tragédias como essa iriam acontecer e elas vão continuar acontecendo nas instituições científicas, nas universidades, nas escolas públicas de todo o país se a gente não conseguir reverter a Emenda Constitucional 95 que congelou os gastos em serviços públicos por 20 anos”, ressaltou a presidente da Aduff-SSind, Nina Tedesco, presente na manifestação. A professora da UFF emendou, entratanto, que a tragédia no Museu não é fruto exclusivo dessa emenda. “Não tava tudo bem na educação e nas instituições de ensino há dois anos atrás e de repente tudo se deteriorou. Quem frequenta esse Museu sabe, quem frequenta a universidade pública sabe, quem frequenta qualquer escola pública desse país sabe. Isso é uma política desse governo, mas também é uma política do governo anterior, e do anterior, e do anterior, e do anterior. Na semana passada, o STF referendou a terceirização irrestrita no país, assim como a Reforma da Previdência deve retornar depois das eleições, tem uma contrarreforma do ensino médio que pode prejudicar e muito os estudantes das escolas públicas. Nosso lugar é aqui na ruas, lutando contra todas essas medidas”, finalizou.

Veja nota da diretoria da Aduff sobre o incêndio no Museu Nacional: goo.gl/sbcpdn

Da Redação da Aduff
Por Lara Abib | Fotos: Luiz Fernando Nabuco

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