Jul
23
2018

III Julho Negro pauta luta internacionalista contra racismo e genocídio de 23 a 27 no Rio

Abertura aconteceu na manhã desta segunda (23) com caminhada em defesa da vida organizada pelo movimento Candelária Nunca Mais; Chacina completa 25 anos hoje

DA REDAÇÃO DA ADUFF com III Julho Negro

Começou nesta segunda e vai até sexta-feira (27) o III Julho Negro. Organizado pelos movimentos de Mães e Familiares Vítimas do Estado Brasileiro e grupos que formam o movimento de favelas do Rio de Janeiro, o evento reúne organizações ao redor do globo que pautam a luta contra a militarização e o racismo, como o Black Lives Matter (Vidas Negras importam) dos EUA, mães e familiares da Palestina, do México e da Associação de Haitianos do Brasil.

Com uma programação de atos públicos, debates e apresentações culturais, a ideia é chamar atenção para o genocídio da juventude negra que se aprofunda com o processo de militarização em curso no Brasil e no mundo. Estão previstas mais de 15 representações de outros países denunciando a militarização da vida, o apartheid, o capital e o racismo. Veja aqui a programação completa: https://goo.gl/eNbh5S

25 anos da Chacina da Candelária e Ato contra a militarização e o racismo no mundo

A abertura do evento aconteceu na manhã de hoje, nas ruas do Centro do Rio, em manifestação em memória dos 25 anos da Chacina da Candelária e contra o extermínio e o encarceramento da juventude negra. Organizada pelo movimento Candelária Nunca Mais, a caminhada lembrou os acontecimentos do dia 23 de julho de 1993, quando policiais do 5º Batalhão da Polícia Militar do Rio abriram fogo contra um grupo de mais de 50 meninos entre 11 e 19 anos, que dormiam na frente da Igreja da Candelária, no centro do Rio. Oito deles morreram.

Na sexta (27), o III Julho Negro volta às ruas em ato contra a militarização e o racismo no mundo, realizado a partir das 17h, com concentração em frente à Faculdade Nacional de Direito (FND). O local recebe durante todo o dia a “Audiência Popular: da América Latina à Palestina – Lutas Unidas contra a Militarização”. A manifestação terminará na Lapa, no Centro Teatro do Oprimido, onde a atividade de lançamento do Projeto Papo Franco + Sarau em homenagem à Marielle Franco e Elaine Freitas encerra a programação do III Julho Negro.

Comunicadora popular e uma das organizadoras do III Julho Negro, Gizele Martins ressalta que as populações negras e pobres do mundo inteiro sofrem historicamente com o racismo e a militarização de suas vidas. Moradora da favela da Maré, Gizele convida todos os movimentos a participarem das atividades do Julho Negro e a abraçarem e debaterem suas pautas.

“Este ano, no Rio, por exemplo, estamos sofrendo com uma intervenção militar que fez aumentar o número de operações em nossas favelas e periferias, assim como o número de chacinas, de auto de resistências, de desaparecimentos forçados. O Estado não se responsabiliza e nunca responde por essas mortes e por esses casos. Se eles internacionalizam a militarização, nós internacionalizaremos as nossas lutas. Não queremos caveirão, não queremos tanques de guerra! Queremos o nosso povo livre do apartheid, do racismo, da militarização, do capitalismo e  da colonização. Aqui e em todo o mundo! Intervenção militar não é farsa, é política de extermínio”, afirma a jornalista, mestre em Educação, Comunicação e Cultura pela Febf-Uerj.

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