Jun
29
2018

Hospital não é empresa! Ato em frente ao Antonio Pedro defende revogação da Ebserh

Manifestação foi organizada em razão de visita agendada do Ministro da Saúde, Ricardo Barros ao hospital; Barros não apareceu

Em maio deste ano, o Hospital Universitário Antonio Pedro (Huap) completou dois anos sob a gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A decisão de retirar a gestão do hospital universitário da UFF e cedê-la à empresa pública de direito privado se deu em reunião fechada do Conselho Universitário, realizada fora da universidade pela Reitoria, e que contou com violenta repressão policial. Eram muitos os questionamentos da comunidade universitária sobre a medida. Criada em 31 de dezembro de 2010, último dia de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente da República, a Ebserh serviria para gerir todos os hospitais universitários, sob o argumento de que os problemas dos HU's eram problemas de gestão. Na UFF, a Aduff-SSind se posicionava contra a implementação da Ebserh. Argumentava que o problema de subfinanciamento do hospital universitário não seria resolvido com a entrega da gestão do Antonio Pedro à uma empresa de direito privado e defendia a realização de um amplo debate antes que qualquer decisão sobre o hospital escola fosse tomada. Não foi o que aconteceu.

Dois anos depois da entrega do hospital universitário da UFF à Ebserh, trabalhadores, estudantes e usuários do Antônio Pedro denunciam a piora no atendimento, na qualidade do serviço e nas condições do hospital. De acordo com informações do Sindicato dos Trabalhadores da UFF (Sintuff), mais de 60 leitos do hospital foram fechados, as contratações de pessoal ficaram bem aquém do prometido e não houve nenhum aumento das verbas do Huap, pelo contrário. Ao mesmo tempo, as denúncias de prática de assédio moral aos servidores do hospital crescem como as filas para atendimento no Antônio Pedro. O professor da Faculdade de Medicina da UFF e médico do Hospital Antonio Pedro, Wladimir Tadeu Baptista Soares, denuncia que a gestão da Ebserh no Hospital não atende os princípios do SUS e desmotiva os trabalhadores.

“A Ebserh não tem compromisso nem com a universidade e nem com a assitência universal à população. Esse hospital, ele passou a produzir com a Eberserh a fila da vergonha, que começa às 5h da manhã e só termina por volta das 7h30, 8h, faça chuva ou faça sol. A lei que criou a Ebserh é inconstitucional porque a Constituição não permite que a saúde no Brasil seja tratada de forma empresarial, e é exatamente isso que a Ebserh faz. Ela acabou com os hospitais universitários no país. O Brasil é o único país do mundo que não tem hospital universitário integrado à universidade, é uma vergonha internacional e um desserviço à população. A empresa é imoral, inconstitucional e inaceitável e precisa ser extinta para o bem da sociedade, da formação médica e de todos os profissionais da saúde deste país, para o bem do servidor e do serviço público e para o bem do SUS”, afirmou no ato, na manhã desta sexta-feira (29).

Convocada pela Aduff, pelo Sintuff e pelo DCE - em razão de uma visita agendada do Ministro da Saúde de Temer ao hospital -, a manifestação começou às 7h da manhã e terminou por volta das 11h. Ricardo Barros viria para inaugurar um aparelho no setor de Hemodinâmica do Huap, mas informações do próprio setor dão conta que o aparelho seria inaugurado sem funcionar, por falta de estrutura e de funcionários para operar o equipamento.

Até o final da manhã, o ministro não havia aparecido. “A Ebserh é um símbolo de privatização e de precarização dos hospitais universitários. Seguiremos organizados; essa luta não para aqui”, afirmou, no final do ato, o coordenador do Sintuff, Pedro Roza

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Lara Abib
Fotos: Luiz Fernando Nabuco

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