Dez
26
2017

Aduff associa corte de luz na UFF à política de desmonte do ensino superior público no Brasil

Velas foram acesas na entrada da Reitoria, durante manifestação que reuniu diversos segmentos da universidade a uma semana do Natal

 

O corte de luz que deixou a Reitoria da Universidade Federal Fluminense às escuras no último mês de 2017 é mais do que um problema pontual: é reflexo de um ajuste fiscal que está sendo aplicado no país por um governo ilegítimo e que, se não for detido, poderá levar ao desmonte do ensino superior público, gratuito e de qualidade. Foi o que afirmou o professor Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind, durante a manifestação realizada em Niterói a uma semana do Natal.

“Repudiamos o governo Temer e essa política que faz com que o orçamento de 2018 [previsto] para UFF seja menor do que o de 2014”, disse o docente, que defendeu a educação pública como direito fundamental em todos os níveis. “Nós só teremos justiça social se houver o direito fundamental da educação, e isso inclui o ensino superior público”, disse.

Passeata

O primeiro ato começou na Praça da Cantareira, em frente ao compus da UFF no Gragoatá, em Niterói, de onde saiu em passeata à porta da Enel, a empresa privada de energia elétrica. Em seguida, estudantes, técnicos e docentes caminharam até a frente da Reitoria, em Icaraí, onde se deu a segunda parte da manifestação.

A Aduff-SSind ajudou a convocar tanto a participação no ato na Cantareira, que já estava sendo convocado, quando marcou uma segunda concentração na porta da Reitoria, à noite, na qual seriam acesas as velas. As duas atividades, ao final, acabaram fundidas num único protesto.

A dívida

O reitor da UFF, Sidney Mello, que participou da atividade, disse à reportagem do Jornal da Aduff que, embora tenha iniciado as negociações com o Ministério da Educação e conversado com a empresa, ainda não há previsão para uma solução. A dívida com a Enel/Ampla, segundo o reitor, se refere ao período de junho de 2014 a dezembro de 2015. “Assinamos inicialmente com o MEC um acordo para o pagamento dos R$ 16 milhões da dívida, já foram pagos seis milhões, mas o restante [não saiu]”, disse.

O problema, segundo o reitor, é que há divergências quanto aos valores devidos, em face de correções monetárias e multas. A Enel afirma que a dívida já estaria em R$ 19 milhões, ainda de acordo com o relato de Sidney, enquanto a administração central da UFF reconhece o valor de R$ 14 milhões. Ao propor uma possível negociação para religar a luz, a Enel sustenta que a quantia a ser negociada é a mais alta.

Além de desligar o fornecimento de energia elétrica do prédio da Reitoria, a Enel também se recusa a fazer novas instalações na UFF enquanto a dívida não for quitada. Com isso, o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) de Campos dos Goytacazes e o novo prédio do Biomédico, em Niterói, seguem sem luz. À reportagem da Aduff, o reitor disse que condiciona a negociação dos valores devidos com a Enel ao imediato retorno do fornecimento de energia na Reitoria e às instalações no SPA e no Biomédico.

O encerramento do ato, no jardim da Reitoria e do Cine UFF, terminou por volta das 21 horas com dois movimentos simbólicos: velas acesas e um abraço ao prédio da Universidade Federal Fluminense.

'Não ficaremos calados'

Ao falar do carro de som que acompanhou todo o protesto, o presidente da Aduff-SSind voltou a defender a mobilização conjunta dos setores progressistas para defender os direitos ameaçados. “Esperamos que esse seja o primeiro de muitos atos e que liguem logo a luz: não ficaremos calados diante de tantos ataques”, finalizou Gustavo.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho (texto) e Luiz Fernando Nabuco (foto)

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