Dez
01
2017

Docentes alertam para importância da mobilização de 5 de dezembro contra a PEC da Previdência

Na etapa Niterói da assembleia descentralizada na UFF, professores foram surpreendidos e criticaram a desistência das principais centrais sindicais, exceto a CSP-Conlutas e a Intersindical, de mobilizar para a greve nacional contra a reforma da Previdência na próxima terça

Etapa Niterói da assembleia, que ao todo reuniu mais de 80 professores da UFF Etapa Niterói da assembleia, que ao todo reuniu mais de 80 professores da UFF / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

Na tarde da sexta-feira (1º) aconteceu, em Niterói, a última etapa das assembleias descentralizadas dos docentes da UFF. Foi convocada pela diretoria da seção sindical para deliberar sobre a greve nacional de 5 de dezembro (terça-feira), que havia sido indicada pelas centrais, como dia de protestos contra a Reforma da Previdência (PEC 287) do governo Temer, prestes a ser votada pelo Legislativo. No entanto, horas antes de a assembleia descentralizada acontecer em Niterói, os docentes foram surpreendidos com a notícia de que a greve nacional havia sido “cancelada” em nota divulgada por seis centrais sindicais – CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central e CSB. 

A decisão das centrais, tomada sem quaisquer consultas às outras entidades que organizavam a greve, entre elas a CSP-Conlutas e o Andes-SN, foi muito criticada na assembleia. Frente aos novos fatos, em Niterói, os docentes reafirmaram a necessidade de que os trabalhadores se mobilizem e participem das manifestações previstas para 5 de dezembro, já que nada está assegurado quanto à reforma da Previdência – ainda sob o risco de ser votada esse ano na Câmara.

Por outro lado, diante da constatação de que a pauta para a qual a assembleia descentralizada fora convocada não condizia mais com a realidade – a greve nacional convocada por oito centrais sindicais havia sido desconvocada por seis delas –, os professores presentes à etapa da assembleia no Gragoatá consideraram melhor se abster, por unanimidade, na votação deste ponto: “análise de conjuntura e greve nacional no dia 5 de dezembro, data proposta pelas centrais sindicais como dia de paralisações e protestos contra reforma da Previdência”. 

No entanto, a assembleia reforçou a necessidade de mobilização no dia 5 e de participação nos atos previstos: atividade no Hospital Universitário Antônio Pedro às 7h, seguido de ato nas barcas. Ao final da tarde do dia 5, ato na Candelária (RJ), a partir das 16h.  

Durante o debate sobre o ponto de pauta, a assembleia se posicionou contrariamente à decisão da direção de algumas centrais sindicais em cancelar a greve nacional – o que foi feito sob a alegação de que o governo retirou a PEC 287 da pauta dessa semana, que havia sido programada para entrar em apreciação no dia 6.  

“Em que momento uma central sindical vai acreditar em palavra do Presidente da Câmara?”; indagou Marinalva Oliveira, professora do curso de Psicologia em Volta Redonda. “Há acordos por trás, estão traindo a classe trabalhadora”, disse a ex-presidente do Andes-SN, afirmando que a unidade é necessária, mas que é preciso problematizar a metodologia adotada para construí-la com burocracias sindicais, que tomam decisões de forma unilateral e sem consultar as bases. 

Repúdio 

Foram lidas as notas de repúdio da direção do Andes-SN, da CSP-Conlutas e do Comando Nacional de Greve da Fasubra Sindical contra a atitude unilateral das direções dessas centrais em cancelar a greve nacional. Os documentos indicam a necessidade de manter a mobilização e a paralisação na próxima terça-feira, organizando atos nos Estados, como um dia de luta para denunciar as mazelas da reforma previdenciária, que, de acordo com as entidades, representa na prática o fim da aposentadoria de muitos trabalhadores.

Nota explicativa 

A assembleia descentralizada de Niterói indiciou a divulgação de uma nota explicativa à categoria, que será publicizada em breve, acerca dos últimos e imprevisíveis acontecimentos. O documento deve salientar que a greve nacional do dia 5 foi esvaziada, a despeito de ser o pior momento para que as centrais sindicais, a exceção da CSP-Conlutas e da Intersindical, o fizessem. 

A ideia é alertar os docentes sobre a celeridade da conjuntura atual, reforçando a necessidade de mobilização permanente frente às mudanças no cenário nacional. “Queremos fazer atos unitários fortes. Precisamos explicar à categoria o que aconteceu”, disse Gustavo Gomes, presidente da Aduff. 

“A pauta que tínhamos não faz nem mais sentido [debatê-la]”, disse Juarez Duayer, da Arquitetura e Urbanismo, referindo-se, obviamente, à greve nacional agora cancelada pelas maiores centrais. Ele conclamou os professores a participarem das mobilizações, alertando para os riscos que a reforma da Previdência, se aprovada, poderá acarretar para a classe trabalhadora. 

Para incentivar a participação e tornar ainda mais democrático o debate, a Aduff-SSind convocou, novamente, uma assembleia descentralizada para decidir sobre a mobilização e a greve nacional de um dia então convocada pelas centrais contra a reforma da Previdência. Foram realizadas, antes de Niterói, as etapas Volta Redonda, Rio das Ostras/Macaé e Angra dos Reis – em todas, os professores que compareceram se posicionaram unânimes pela participação nos protestos e na greve.

Fóruns de luta

Para Marcelo Badaró, do curso de História, é preciso que todos estejam atentos que a pretensão do governo federal é votar alguma reforma da previdência ainda esse ano, sobretudo porque há vários fatores pressionando o Executivo e o Legislativo para prosseguirem com a PEC 287. Entre eles, os interesses do empresariado e a proximidade com o ano de 2018, que será eleitoral. 

“Todo consenso é construído em torno da ideia de que os funcionários públicos são privilegiados. Temos que ficar de olho, pois o que as centrais sindicais fizeram, convocando de um jeito frouxo e, depois, desconvocando a greve do dia 5, pode ser tomado como sinal positivo para o Congresso avançar com a reforma da Previdência”, alertou o docente, defendendo o fortalecimento dos fóruns de luta.

Gustavo Gomes, presidente da Aduff, ressaltou que está em curso, de forma atuante, em Niterói, um ‘Fórum Sindical e Popular’. Ele foi retomado para a construção da greve geral do dia 28 de abril, contando com participação de sindicatos de diversas categorias – bancários, vigilantes, marítimos – além do Sepe e das entidades representativas dos três segmentos da UFF: Sintuff; Aduff e o DCE (Diretório Central dos Estudantes). Para o docente, é preciso fortalecer essas organizações pela base das categorias para enfrentar a provavelmente maior retirada de direitos da história. Participar das manifestações de 5 de dezembro é parte dessa luta.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira

 

 Direção do ANDES-SN, da CSP-Conlutas e do Comando Nacional de Greve da Fasubra Sindical 

Etapa Niterói da assembleia, que ao todo reuniu mais de 80 professores da UFF Etapa Niterói da assembleia, que ao todo reuniu mais de 80 professores da UFF / Luiz Fernando Nabuco/Aduff

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