Nov
09
2017

Assembleia descentralizada em Volta Redonda tem boa participação de docentes

Professores da UFF se posicionaram por unanimidade pela paralisação dia 10 de novembro 

A assembleia descentralizada dos docentes da UFF em Volta Redonda ocorreu na tarde dessa quarta-feira (8), no campus do Aterrado, para apreciar a mesma pauta em discussão, ao longo da semana de 6 a 9 de novembro, nos diferentes campi da instituição. 

Gustavo Gomes, presidente da seção sindical dos professores da UFF, explicou que a gestão atual busca atender a demanda já exposta pela categoria, pela realização de assembleias descentralizadas. Disse ainda que é uma prática nova na UFF que tem como um dos objetivos a aproximação do sindicato com os docentes, em face da multicampia, compartilhando experiências e a realidade das condições de trabalhos dos professores.  

"Não conseguimos fazer em Petrópolis, mas fizemos em todos os outros campi e vamos somar - a partir das votações locais - se vai ou não haver paralisação; a ideia é que possamos dar uma resposta coletiva, com ampla participação dos docentes, à essa realidade", explicou Gustavo. "O voto das assembleias descentralizadas tem o mesmo peso da que aconteceu em Niterói", disse. 

Gustavo enfatizou a difícil situação política e econômica do país e afirmou que o governo federal tem tentado culpabilizar os servidores públicos, de maneira geral, pela crise financeira do Brasil. "O governo quer igualar o regime previdencial dos servidores ao da iniciativa privada; lastimável o que o governo tem tentado fazer, reduzindo os serviços públicos como um todo e a Universidade está nesse bojo", disse o presidente da Aduff-SSind.

Ele mencionou a recente edição da Medida Provisória 805, que, de forma inconstitucional, confisca o salário dos trabalhadores ao elevar a taxação previdenciária de 11% para 14%, entre outras providências - como o adiamento, para 2019, nas modificações nas tabelas remuneratórias da carreira do professor federal, previstas para agosto de 2018. Estas tabelas são frutos da Lei 12.772/2012, modificadas pela Lei 13.325/2016, em decorrência da greve de 2015. 

Paralisação com ocupação

Em Volta Redonda, os docentes votaram de forma unâunime na paralisação por 24 horas em ‘10 de novembro - Dia Nacional de Protestos e Paralisação’. Nesse dia, estão previstos atos nacionais contra as reformas de Temer, que eliminam direitos previdenciários e trabalhistas, e em defesa da educação, saúde e demais serviços públicos.

"Temos que ir às ruas e reagir às ações propostas por esse governo ilegitimo - com impopularidade asburda, que segue realizando ataques contra diversas categorias de trabalhadores. Avaliamos que para barrar esses ataques é necessária articulacao maior com todos os servidores públicos e os trabalhadores da iniciativa privada", disse Gustavo, lembrando que os termos da reforma trabalhista - que deixam todos os profissionais do país em situação de extrema vulnerabilidade diante do empregador - entram em vigor no sábado, dia 11. "Apostamos que o dia 10 seja um grandioso, com atos expressivos", disse o presidente da seção sindical, que disse que a Aduff poderia custear o transporte para os docentes que quisessem participar do ato dessa sexta-feira, chamado pelas Centrais Sindicais e Movimentos Sociais e Sindicais, às 16h, na Candelária, disponibilizando uma van. 

Assessoria jurídica em VR

Professores manifestaram interesse em ter assessoria jurídica disponibilizada pela Aduff em Volta Redonda, que tem cerca de 40 sindicalizados à seção sindical.  O advogado Júlio Canedo, que integra a equipe de profissionais do escritório que presta atendimento semanalmente na sede da Aduff, em Niterói, esteve presente na assembleia. Explicou que, em Niterói, o advogado Carlos Boechat atende pessoalmente aos professores todas as sexta-feiras, entre 9h e 13h, geralmente, analisando envolvendo dúvidas funcionais - pagamento, aposentadoria e progressão funcional. "As vezes, há encaminhamento de processo administrativo a UFF. "Elaboramos recursos e requerimentos. Quando a solução não é de via administrativa, mas é de via judicial, propomos a ação, as peças, os recursos necessários sem o custo inicial de entrada de processo, como um advogado particular pode fazer. Há custas da Justiça, mas não das petições", explicou. 

Docentes manifestaram preocupação com os trâmites burocráticos e outras questões envolvendo o transporte para a instituição. Demonstram preocupação com declarações do Departamento de Pessoal da UFF que sinalizou a Controladoria Geral da União tem realizado auditoria nas instituições públicas do país e questionado a carga horária docente em associação à comprovação da quantidade de passagens utilizadas para o deslocamento à Universidade, ignorando as especificidades do professor e pesquisador universitário e também as peculiaridades que envolvem o trabalho nos campi fora da sede. 

Em data que será divulgada em breve, provavelmente no início de dezembro, a assessoria jurídica retornará para o atendimento aos professores, dando conta dessas questões.

Condições de trabalho

"Meus colegas de Rio das Ostras e de Campos dos Goytacazes, por exemplo, não têm sala, estrutura, não têm nada", disse um dos professores presentes, apontando que, em Volta Redonda, a questão de infraestrutura não é tão grave quanto em outras unidades da UFF, cujas aulas são ministradas muitas vezes em contêineres alugados pela instituição. Entretanto, ele apontou que os cortes no orçamento e o congelamento de gastos públicos pelos próximos 20 anos podem levar a precarização das condições de trabalho na UFF como um todo, piorando as condições já existentes em Volta Redonda - que, se não é o campus mais precarizado da UFF também não pode ser tomado como modelo. 

Outros docentes também criticaram a má distribuição das vagas nas unidades e departamentos e explicaram que há grande sobrecarga de trabalho para os professores fora de sede, que não contam com o número necessário de profissionais para dar conta da quantidade de alunos e disciplinas exigidos. "Há um desequilíbrio na distribuição dessas vagas", disse um dos presentes à assembleia.

Uma professora comentou que, em Volta Redonda, em alguns cursos, há dificuldades em relação à distribuição do espaço físico, mas que, o grande problema comum aos campi fora de sede é a falta de assistência estudantil. Não poder contar com bandejão, moradia e bolsas de permanência na instituição levam os estudantes, sobretudo em outras localidades da UFF, à evasão. "A falta de assistência estudantil tem que contar nesse debate sobre condições de trabalho", alertou a professora do cursos de Psicologia. 

De acordo com uma docente da Química, os alunos sentiram muito o impacto no corte de bolsas do Pibid. "Quando esse programa começou, tínhamos 1500 bolsas em Volta Redonda e, hoje, contamos com apenas 700, aproximadamente", disse, demonstrando preocupação.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira, enviada a Volta Redonda
Foto: Zulmair Rocha 

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