Out
20
2017

Ameaças sobre Programa de Iniciação à Docência preocupam professores da UFF

Cortes de verbas e novo programa colocam o Pibid sob risco; atividades no dia 25 (Dia C da Ciência) vão contestar cortes no orçamento da Educação, da Ciência e da Tecnologia

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), chancelado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), está sob ameaça e isso preocupa e mobiliza professores da Universidade Federal Fluminense.

Com o objetivo de formar estudantes dos cursos de licenciatura plena para atuação na educação básica pública, o programa conta com a supervisão de um docente universitário – que atua como coordenador – e de um professor da escola, que supervisiona o trabalho dos graduandos na promoção de atividades didático-pedagógicas.

Os projetos de iniciação à docência são aprovados conforme os editais de seleção publicados pelas instituições e remuneram os estudantes, docentes da educação básica e do ensino superior com bolsas de aproximadamente R$400, R$700 e R$1400 – respectivamente.

Mecanismo de intercâmbio entre a universidade e a educação básica (ensino fundamental e ensino médio), o Pibid está ameaçado tanto pela política de contingenciamento de verbas – que afetou o orçamento das universidades públicas, a promoção e o desenvolvimento da pesquisa científica no país e reduziu o número das bolsas – quanto pela edição de um novo programa vinculado ao Ministério da Educação: “Residência Pedagógica”.

Anunciado pelo ministro Mendonça Filho como parte da “Política Nacional de Formação de Professores”, a nova diretriz foi apresentada como a “modernização” do Pibid. Entretanto, para Marcus Dezemone, coordenador do programa da área de História da UFF, o “Residência Pedagógica” deixa muitas questões em aberto e sinaliza a interrupção e até mesmo o fim do Pibid/Capes. “O programa vigente vai até fevereiro de 2018. Para continuar, outro edital deveria ser publicado agora, com as condições de permanência. Mas, até o momento, o edital não foi divulgado”, disse o professor. “Havia informação de que o Tribunal de Contas da União realizava auditoria na Capes e que, por conta disso, novo edital seria publicado apenas em setembro do ano que vem, contemplando 2019”, observou o docente, que critica tanto a possibilidade de interrupção quando o fim do programa.

“Descontinuar o Pibid é prejudicar o aperfeiçoamento da formação docente”, considerou Dezemone. “Nossos resultados apontam a diminuição da evasão e da reprovação em escolas públicas em Niterói; além disso, o Pibid trouxe os alunos para a universidade, mostrou que não é uma instituição inacessível”, avaliou.

Para o docente, a ameaça de interrupção e de finalização desse programa deve ser entendida em um conjunto mais amplo de ações que atingem a educação pública. “É tirar dinheiro também da universidade, mas também da educação básica e pública, que é atingida não somente de forma imediata, mas também a médio e longo prazo, com impacto na formação docente”, disse Marcus Dezemone.

Dia C da Ciência

Na quarta-feira, dia 25 de outubro, acontecerão ações nacionais para divulgar os trabalhos científicos em diferentes campos do conhecimento e também protestar contra a política de desmonte da educação e da pesquisa públicas.

A ideia é ocupar praças, museus, escolas e demais instituições de circulação de saberes em mobilização contra os cortes no orçamento da Educação, da Ciência e da Tecnologia.

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira

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