Retomada da mobilização e da busca das condições para convocar nova greve geral para enfrentar reformas e ataques aos trabalhadores é defendida em Sumaré
DA REDAÇÃO DA ADUFF
É preciso parar o país para exigir o fim da retirada de direitos. A necessidade de retomar com força a mobilização e construir uma nova greve geral – que pressione o governo federal e ponha em xeque os projetos que eliminam direitos sociais, trabalhistas e previdenciários –foi um ponto em comum na maioria das propostas de resoluções gerais defendidas na tarde da quinta-feira (12), primeiro dia do 3° Congresso da CSP-Conlutas.
Não que os textos das 16 resoluções apresentadas convergissem necessariamente na análise da atual conjuntura política ou na caracterização deste momento na mobilização da classe trabalhadora no Brasil. Na verdade, há avaliações diferentes sobre isso e sobre como construir e impulsionar essa retomada mais geral dos protestos, que, no primeiro semestre do ano, levaram mais de cem mil manifestantes a Brasília, em 24 de maio, e pararam parte considerável do país na greve geral de 28 de abril.
Há visões distintas quanto ao ritmo possível da retomada das mobilizações e quanto ao peso que se dá a uma nova tentativa de articular um movimento nacional com as demais centrais sindicais, que culmine na convocação de uma greve geral contra as reformas do governo Michel Temer.
Neste último aspecto, sobraram críticas ao que ocorreu na greve geral convocada para 30 de junho, que acabou esvaziada ou mesmo boicotada por outras centrais, entre elas as duas maiores do país – a Força Sindical, que explicitamente reviu a sua posição após negociar com o governo e abandonou a convocação da paralisação, e a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que teria dado pouco peso à manifestação preparada para pouco antes da votação da reforma que eliminou um caminhão de direitos trabalhistas.
Seja como for, não houve entre os que se manifestaram no primeiro dia e abordaram a conjuntura e os desafios quem não destacasse a necessidade de rearticular uma forte mobilização que se enfrente com o trator das reformas. Muitos apontaram as manifestações já programadas pelos metalúrgicos para o dia 10 de novembro, cuja data vai se expandindo para outras categorias e que a CSP-Conlutas já trabalha como um dia nacional de protestos e paralisações, que pode ser um marco na retomada e na transformação da imensa insatisfação com o governo em ações concretas nas ruas.
A presidente do Andes-SN, professora Eblin Farage, disse que é importante unir os trabalhadores em torno de uma agenda comum. “A classe não está imóvel diante dos ataques, ela vem reagindo, mas de forma desigual. Não podemos fazer da CSP-Conlutas um espaço de disputa entre os diferentes segmentos da classe trabalhadora organizadas na Central”, disse. “Temos que avançar na consolidação da democracia interna, e avançar no diálogo com os segmentos da classe trabalhadora que não estão organizados na nossa central. Só seremos uma alternativa real para a nossa classe se formos uma alternativa real para além de nós mesmos. Precisamos construir uma greve geral nesse segundo semestre, a partir de um calendário de lutas deliberado, se possível, ao final deste Congresso”, defendeu.
DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho, enviado a Sumaré (SP)