Set
12
2017

Assembleia dos docentes da UFF ratifica paralisação no dia 14 contra retirada de direitos

Direção da Aduff defende que dia seja de mobilização; haverá ato conjunto da UFF nas Barcas, às 15h; e ato unificado do funcionalismo e de outros trabalhadores na Candelária, a partir das 16h; campi fora da sede também planejam atividades

Assembleia docente na UFF, ocorrida na terça-feira (12) Assembleia docente na UFF, ocorrida na terça-feira (12) / Luiz Fernando Nabuco - Aduff-SSind

DA REDAÇÃO DA ADUFF

Em assembleia realizada na tarde dessa terça-feira (12), os docentes da Universidade Federal Fluminense ratificaram a paralisação de 24 horas no dia 14 de setembro – paralisação nacional contra os ataques aos direitos sociais e as contrarreformas de Temer, Pezão e dos governos municipais.

A data de 14 de setembro, quinta-feira, foi apontada na reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino (Ifes) do Andes-SN, no dia 18 de agosto, a partir da reunião ampliada do Fórum de Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), que contou com participação de cerca de 300 pessoas, entre representantes de sindicatos e de centrais sindicais.

O indicativo de paralisação nesse dia já havia sido aprovado em assembleia docente de 29 de agosto. Nesse mesmo dia, os técnico-administrativos deliberaram pela paralisação das atividades e o Diretório Central dos Estudantes da UFF-DCE Fernando Souza Cruz também confirmou a participação nas mobilizações, que culminarão com ato, ao final da tarde, no centro do Rio de Janeiro. Haverá manifestação conjunta da comunidade da UFF nas Barcas, às 15h, com panfletagem; logo após, servidores e alunos seguirão para o ato unificado do funcionalismo e de outros trabalhadores na Candelária, com concentração a partir das 16h.

‘Fora Temer’

A assembleia dos docentes da UFF que ratificou a paralisação de 14 de setembro aconteceu um dia após a veiculação de notícias divulgadas pela imprensa comercial que apontam, de acordo com relatório da Polícia Federal, indícios de que o presidente Michel Temer chefiava (e que permaneceria liderando) esquema milionário de corrupção envolvendo as principais lideranças de seu partido – ministros e deputados do PMDB.

Para Gustavo Gomes, presidente da seção sindical, é inadmissível que o governo atual, que não conta com respaldo popular e está sob denúncias de corrupção, siga atacando os trabalhadores e tentando desmontar o ensino superior público no país. Ele observa que muitos brasileiros não estão satisfeitos com a perspectiva política que está sendo desenhada e que é necessário que os colegas conversem entre si sobre a conjuntura, que se aproximem. “As verbas de custeio e de capital estão contingenciadas em mais de 50%; vivemos uma crise sem tamanho; a situação é grave”, disse o docente da Escola de Serviço Social.

“Nosso reitor, Sidney Mello, não nos recebeu durante a última greve, que durou quatro meses; mas, para que todos tenham noção de quanto a situação é séria, ele pediu para ir a Aduff, agora no início do segundo semestre. Revelou que não tem como concluir a obras que começaram – o que explica, por exemplo, a situação de precarização em muitos campi da UFF, sobretudo o que ocorre agora em Angra dos Reis”, disse Gustavo.

O presidente da Aduff faz referência à ocupação estudantil, iniciada semana passada, no terreno cedido pela prefeitura local para a UFF construir um campus que nunca saiu do papel, em Retiro, porque não houve liberação de recursos. “Ou nos unificamos em torno de um projeto público para a universidade ou vamos cair todos nós; ensino, pesquisa e extensão”, disse Gustavo.

Para ele, nessa conjuntura política de tantos ataques a direitos, os sindicatos têm conseguido ser ouvidos por muitos colegas que já passaram a sentir no cotidiano o impacto de uma política que promove o desmonte da Educação e da Saúde públicas.

‘Reconstruir a mobilização’

Segundo Marinalva Oliveira, professora da UFF em Volta Redonda, houve um sentimento de desmobilização após o dia 30 de junho – criou-se a expectativa de uma greve geral tão forte quanto a de 28 de abril, mas algumas centrais sindicais esvaziaram a mobilização naquele dia.  “Precisamos construir a mobilização novamente, debatendo a pauta nacional – que versa sobre a rejeição às reformas do trabalho e que se coloca contra a reforma da Previdência – aliada às questões que nos tocam diretamente, como o corte em Educação e em Ciência e Tecnologia”, disse a professora, que é ex-presidente do Andes-SN.

De acordo com ela, é necessário que os docentes tenham em mente que o ataque ao serviço público tende ao acirramento e que o governo já sinalizou a possibilidade de publicação de medida provisória para aumentar a contribuição previdenciária dos servidores públicos federais. "Precisamos nos aproximar ainda mais porque muitos colegas estão envolvidos em suas atividades produtivistas. Os cortes no orçamento, o desmonte da Ciência e Tecnologia, são temas necessários para fazermos o diálogo, porque é o que nos afeta como universidade pública”, disse.

A professora assinalou que a política de contingenciamento de verbas acontece desde o final de 2014, mas que com a aprovação da Emenda Constitucional 95 (antiga PEC 241 e PEC 55), que prevê o corte de recursos para o setor público, a situação vai piorar. Não só faltarão verbas para a universidade como ainda faltarão recursos para garantir a promoção e progressão dos servidores. “Esse modelo gerencial e produtivista já vem sendo implementado há muito tempo nas universidades. Mas, a Andifes não divulgou uma nota técnica contra os cortes de verbas, nesse momento, à toa; a politica do pires na mão no governo Lula acabou”, concluiu Marinalva.

‘Gerações vindouras’

Segundo Lorene Figueiredo, docente da UFF em Pádua, com as ações do governo, não há projeto de universidade nem privatista e nem pública. “O que está colocado para nós é a destruição de forças produtivas, o governo é tão selvagem que vai entregar de bandeja tudo o que temos de patrimônio para o capital financeiro e não vai medir esforços nesse sentido”, disse a professora. “O que está colocado é a perspectiva brutal da redução das forças de trabalho; é um projeto de desenvolvimento e de sociedade não apenas para nós, mas para as gerações vindouras”, concluiu.

Congresso da CSP-Conlutas

A assembleia também indicou a nominata da delegação da Aduff no III Congresso da CSP-Conlutas, central sindical a qual o Andes-SN pertence. O evento acontecerá entre os dias 12 e 15 de outubro, em Instância da Árvore, em São Paulo.

A seção sindical dos docentes da UFF tem direito a sete participantes. Serão delegados da Aduff os titulares: Gustavo França Gomes, Arley da Costa, Francine Helfreich Coutino Santos, Sonia Lucio Rodrigues de Lima, Lorene Figueiredo, Kate Lane Paiva e Gelta Terezinha Ramos Xavier.  Os suplentes serão os docentes Rafael Barros Vieira, Antoniana Deffilipo e Ana Livia Adriano.

Calendário de mobilização

Quarta-feira (13):

Niterói

Panfletagem na Praia Vermelha, a partir das 10h.

Panfletagem no Gragoatá, a partir das 17h.

Outros campi

Panfletagem em Pádua, a partir das 14h.

Panfletagem em Volta Redonda e em Angra dos Reis, ao longo do dia

Quinta-feira (14):

 Niterói

Panfletagem: Gragoatá, às 9h

Concentração unificada nas barcas, às 15h

Ato na Candelária, às 16h

Volta Redonda

Debate em Volta Redonda, com mesa sobre o Cortes de C&T, às 16h
Cinedebate em Pádua, com exibição do filme 'Debitocracia', às 18h

Campos dos Goytacazes

Seminário “A autonomia universitária e o futuro da educação fluminense”, a partir das 14h, no mini auditório do CCH, na UENF

Ato de encerramento, às 17h, na Uenf

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira

Fotos: Assembleia ocorrida no campus do Gragoatá, nesta terça (12) - Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind

Assembleia docente na UFF, ocorrida na terça-feira (12) Assembleia docente na UFF, ocorrida na terça-feira (12) / Luiz Fernando Nabuco - Aduff-SSind

Additional Info

  • compartilhar: