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Ago
29
2017

Assembleia dos Docentes da UFF aprova indicativo de paralisação para 14 de setembro

Professores aprovaram calendário de mobilização; nova assembleia acontecerá dia 12 de setembro

Em assembleia geral dos docentes da UFF realizada na tarde dessa terça-feira (29), o plenário aprovou por unanimidade o indicativo de paralisação por 24 horas na quinta-feira, dia 14 de setembro, com o objetivo de integrar o calendário nacional contra as reformas do governo de Michel Temer – o que deve ser ratificado no dia 12 de setembro, em nova assembleia, cujo local será posteriormente divulgado. Na terça-feira (5), haverá reunião ampliada do Comando de Mobilização, do Conselho de Representantes e da Diretoria da Aduff na sede da seção sindical para planejar ações que comuniquem a gravidade do momento atual para os trabalhadores, promovendo visitas às unidades para diálogo com os docentes em diversos campi da Universidade Federal Fluminense.

A assembleia geral dos docentes também recomendou que a comunidade da UFF participasse da II Marcha pela Ciência e Tecnologia no sábado, dia 2 de setembro, a partir de 15h, no Museu do Amanhã, na Praça Mauá, no Centro do Rio de Janeiro. O ato protestará contra os cortes no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações que chegam a 44% e atingem a concessão e o repasse de bolsas acadêmicas e de investimentos em pesquisas.

Igualmente, a assembleia indicou a participação no debate sobre a previdência pública, na segunda-feira, dia 4, às 18h, na Faculdade de Economia (Bloco F, no Campus do Gragoatá), com a presença das professoras Denise Gentil e Sara Grannemam, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, reconhecidas pesquisadoras desse assunto que está na ordem do dia dos brasileiros.

Durante esse período de mobilização, que se estende com intensidade nas próximas semanas, também será feito o debate sobre a representatividade da delegação da Aduff no III Congresso da CSP-Conlutas, central sindical a qual o Andes-SN pertence, que acontecerá entre os dias 12 e 15 de outubro. A eleição dos professores da UFF que participarão do evento -- que ocorrerá em Instância da Árvore, em São Paulo -- foi remetida, sem prejuízo, para a assembleia do dia 12 de setembro.

"Todo dia é a venda de alguma coisa: da Casa da Moeda à Amazônia; qual será a próxima notícia a nos surpreender?", questiona presidente da Aduff. 

“Pela Revogação da Reforma Trabalhista e da Terceirização! Não a Reforma da Previdência! Em defesa dos Serviços Públicos! Nenhum Direito a Menos!”. Essas são as palavras de ordem da nota do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior - construída durante a reunião de 18 de agosto, em Brasília - cujo título é “A ‘Meta’ do Governo Temer é destruir o serviço público”. O documento foi distribuído, durante a assembleia, para subsidiar o debate que contou com análise sobre a situação política no país. Antes, os professores também foram informados que a data de 14 de setembro como um dia nacional de paralisação e de lutas foi deliberada nessa reunião do Setor, considerando as articulações sindicais que envolvem o Andes-SN no âmbito da Fonasefe - Fórum Nacional de Entidades dos Servidores Federais.

De acordo com a nota, está em curso um projeto de desmonte do serviço público no Brasil que vem se aprofundando principalmente desde os cortes orçamentários de 2014. Segundo o documento, “aliadas à falácia de ‘rombo’ da previdência social, as justificativas mentirosas tentam encobrir a diminuição do Estado para ampliação da inserção privada nos mais diversos setores, como saúde, educação, segurança, moradia etc, impactando na vida da população”.

O esvaziamento do papel do Estado, nos moldes do que o governo federal tem sinalizado, foi muito debatido pelos presentes, que criticaram a Emenda Constitucional 95 – antiga Pec 241 e Pec 55 – que congela o orçamento da União por aproximadamente duas décadas e retira recursos de setores importantes e estratégicos para a população e para o país, entre eles Saúde, Previdência, Educação, Ciência e Tecnologia. Para o presidente da Aduff, Gustavo Gomes, essa política de contingenciamento de verbas tem trazido consequências prejudiciais ao cotidiano de trabalhadores e dos estudantes na Universidade, levando à precarização das relações de trabalho e ainda à evasão de alunos principalmente nos campi fora de sede.

Para Gustavo, a situação brasileira se revela complexa e difícil e é necessário fazer um balanço dos movimentos de rua que tiveram fôlego e culminaram com a greve geral de 28 de abril, bastante exitosa. Apesar da dura repressão policial aos manifestantes, o presidente da Aduff aponta que a greve de abril pôs o governo em xeque, e que este, até o momento, imerso em escândalos, não conseguiu aprovar a reforma da previdência. Ele também criticou a tentativa de algumas centrais sindicais terem esvaziado a mobilização nacional de 30 de junho, mas reconheceu que a despeito das adversidades, houve avanços entre muitos setores de resistência.

“A manutenção de Temer no poder, apesar de tudo, ainda nos deixa perplexos e atônitos. Precisamos intensificar a mobilização e discutir entre nós como construir um movimento tão vitorioso quanto o 28 de abril”, disse o docente. "Todo dia é a venda de alguma coisa: da Casa da Moeda à Amazônia; qual será a próxima notícia a nos surpreender?", questionou Gustavo. O professor da Escola de Serviço Social, em Niterói, referiu-se as notícias que envolvem revogação de decreto que protege área ambiental no Norte do país, e ainda as ameaças de privatização da Casa da Moeda e da Eletrobrás. 

Durante a assembleia, os docentes procuraram enfatizar como a conjuntura nacional tem repercutido no cotidiano de trabalho na UFF. Juarez Duayer, professor da Arquitetura, lembrou que o Casarão pegou fogo e que o Chalé permanece fechado. Ambas as edificações são importantes para a comunidade acadêmica do curso. “Essas preocupações não são coisas menores; há um processo de desmonte da Educação e da Ciência e Tecnologia no país; é possível prepararmo-nos para o dia 14”, considerou o diretor da Aduff.

De acordo com a professora Marinalva Oliveira, ex-presidente do Andes-SN, os cortes absurdos promovidos pelo governo federal levaram a um posicionamento, em nota crítica sobre o assunto, até mesmo da Andifes - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil. “Como a falta de verbas vai repercutir na vida da comunidade universitária? As grandes instituições vão sobreviver, porque é um dos setores da lógica empresarial que tem grande potencial de produzir e de vender o conhecimento como mercadoria; mas esses polos pequenos vão desaparecer”, analisou a professora do curso de Psicologia da UFF em Volta Redonda.

A docente criticou a falta de transparência na construção do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFF, que está em curso na instituição, traçando metas e estratégias para os próximos anos, apesar de estar alijando grande parte da comunidade da participação nesse debate. Para ela, é urgente discutir o tema, principalmente nesse momento em que o projeto de privatização da universidade pública ganha cada vez mais concretude.

 

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira 
Foto: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff-SSind.

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