Ago
03
2017

Um dia após Comitê Científico da UFRJ repudiar corte de bolsas do CNPq, governo recua e garante pagamento

Governo já contingenciou 44% no orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações para esse ano; para comitê da UFRJ e direção da ADUFF, está em curso projeto de desmonte do ensino público 

O governo federal decidiu não mais cancelar o pagamento de cerca de cem mil bolsas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq um dia após a decisão da suspensão do recurso, que poderia ser interrompido em agosto e não mais repassado em setembro, ter sido criticada pelo Comitê do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. 

A nota é assinada pela professora e pró-reitora Leila Rodrigues da Silva e afirma estar em curso “um projeto político, que se concretiza em um ataque e desmonte da Ciência e da universidade pública no Brasil, que acarretará prejuízos inestimáveis para toda a sociedade”. Repudia o corte das bolsas destinadas à iniciação científica, que, existem desde a fundação da agência de fomento em 1951. “Este Programa  nunca sofreu descontinuidade mesmo em momentos mais graves de crise econômica e durante governos de diferentes matizes ideológicas”, diz o documento que rapidamente viralizou nas redes sociais e que também critica os cortes de recursos estatais para pesquisas científicas no país.

De acordo com a assessoria de imprensa do CNPq, o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, em reunião nesta quarta-feira (3) com o presidente da instituição Mario Neto Borges, teria garantido a continuidade do pagamento dessas bolsas. Em março desse ano, o governo federal anunciou corte de 44% no orçamento do MCTIC para esse ano – o que significou redução de R$572 milhões ao CNPq, instituição que apoia estudantes da graduação, mestrado, doutorado, pós-doutorado e projetos de pesquisas de inúmeros docentes no país.

As críticas à suspensão de mais uma modalidade de financiamento público ao desenvolvimento do ensino e de pesquisa no Brasil circulavam concomitantemente a votação que acontecia na Câmara dos Deputados, na noite de 2 de agosto, e que absolveu o presidente Michel Temer de acusação por corrupção passiva.

Para a diretora da Aduff, Bianca Novais, a classe trabalhadora tem que se organizar para que a indignação isolada seja canalizada em luta coletiva contra a retirada de direitos. Para ela, a crise anunciada pelo governo federal esconde, na verdade, a existência de um projeto político que beneficia a classe dominante, o que passa pelos esforços feitos pelo governo para garantir a votação da reforma da previdência, o desmonte da saúde e da educação públicas - ações que penalizarão principalmente a classe trabalhadora. “O que houve na sessão dessa quarta-feira na Câmara dos Deputados demonstra o quanto o governo está disposto a usar a máquina pública para a compra de votos. Ao mesmo tempo em que sinaliza a possibilidade de corte de bolsa do CNPq, tem quantia de dinheiro público considerável para favorecer determinados grupos econômicos no poder”, critica a docente da UFF em Nova Friburgo. 

DA REDAÇÃO DA ADUFF | Por Aline Pereira. Foto: Reprodução de internet

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