Ago
03
2017

Deputados absolvem Temer de acusação por corrupção passiva

Articulação por resultado favorável ao presidente envolveu liberação de recursos milionários para emendas parlamentares e cargos políticos; sindicalistas comentam decisão

A denúncia feita pelo Procurador-Geral da República contra Michel Temer (PMDB), acusando-o de corrupção passiva, não será encaminhada do Supremo Tribunal Federal até o final do mandato presidencial, conforme decisão da Câmara dos Deputados. Em votação nominal que aconteceu nessa quarta-feira (3), 263 deputados manifestaram-se favoráveis ao presidente e 227 contrários a Temer. Houve duas abstenções e vinte parlamentares não comparecem ao plenário.

Para que a denúncia da PGR prosseguisse e Temer pudesse ser julgado à revelia do foro privilegiado, era necessário obter o voto de 342 deputados – o que foi impedido pelo governo ao negociar a permanência no poder em troca de cargos, da liberação de recursos milionários para emendas parlamentares e outras benesses aos aliados em nome de “estabilidade” política para garantir a reforma previdenciária.

A sessão presidida pelo presidente daquela Casa Legislativa, Rodrigo Maia, também do PMDB, foi marcada por confusão envolvendo partidos da oposição e a bancada governista, que trocaram acusações e ofensas. Não houve apresentação, em plenário, do teor da denúncia que se baseia em delação premiada e provas apresentadas, em maio desse ano, por Joesley Batista - empresário do ramo alimentício, recebido em encontros noturnos secretos no Palácio do Jaburu para negociar, com o próprio Michel Temer, o esquema de pagamento de propina.

Reações

De acordo com Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, o congresso brasileiro é formado por corruptos, e a maioria dos deputados está atrelada ao agronegócio e aos interesses do sistema financeiro. “Mas não é surpresa, pois sabemos que eles são todos iguais e se unificam na defesa de seus interesses”, avalia.

Ele afirma, em declarações no site da central sindical a qual o Andes-SN é filiado, que é necessário que os trabalhadores tomem as ruas novamente, em grande mobilização, sobretudo nesse momento em que a maioria dos brasileiros já demonstrou insatisfação com os desmandos do governo de Michel Temer.

Mesmo liderando a rejeição popular, o presidente leva adiante medidas que promovem o desmonte do estado de bem estar social brasileiro, como indicam a aprovação da lei que autoriza a terceirização de atividades fim em uma empresa e ainda a reforma trabalhista.

“Nós, da CSP-Conlutas, seguimos defendendo que é preciso construir uma nova greve geral. Os trabalhadores é que podem por Temer e todos os corruptos pra fora e barrar as reformas”, continuou Barela, para quem o congresso é um jogo de cartas marcadas e o governo está a serviço do empresariado.  O governo Temer já havia sinalizado, desde o início desse processo, o objetivo de promover a reforma do sistema previdenciário brasileiro a qualquer preço, ainda que prejudique milhões de trabalhadores que terão dificultado o acesso à aposentadoria.

Segundo Márcio Malta, que é diretor da Aduff-SSind, a votação a favor do governo Temer vai em sentido contrário aos anseios da população brasileira. “Os deputados federais que votaram pelo sim parecem viver em outro país e se acovardaram, preferindo seguir os interesses fisiologistas”, disse o docente, que é cientista político e professor da UFF em Campos dos Goytacazes. “Colaboram assim para o desmonte da nação desacreditando ainda mais as nossas já combalidas instituições”, considera.

 

 

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