Jun
17
2025

Aduff reafirma seu compromisso com a luta antirracista na UFF e na sociedade

Sindicato de Docentes repudia todo e qualquer tipo de racismo praticado na instituição, defende a ampliação de cotas para concursos públicos, se mobiliza contra práticas racistas e incentiva denúncias à Ouvidoria da Universidade, mesmo entendendo os limites e contradições do espaço

A Associação de Docentes da Universidade Federal Fluminense, assim como o Andes-SN, não tem se furtado à discussão sobre o tema e o apoio à pauta em prol da luta antirracista, entendendo que ela também passa pela necessidade de garantir o acesso e a permanência de estudantes negros, negras e indígenas na UFF, bem como o ingresso de servidores públicos concursados - técnicos, técnicas e docentes negros, negras e indígenas na instituição.

Por isso, a seção sindical esteve diretamente envolvida nas discussões sobre a aplicação da Lei 12990/2014 - a que garante reserva de 20% das vagas para candidatos negros em concursos públicos no âmbito da administração pública federal, quando o número em ofertas for igual ou superior a três vagas.

Em 2019, por exemplo, a Aduff promoveu o debate "Cotas para negros em concursos para docentes de instituições de ensino federais: quem aplica a lei?", com a participação de Luiz Mello (UFG), de Caroline de Araújo Lima (Andes/Uneb) e de Flavia Rios (UFF), e lançou a cartilha de combate ao racismo, produzida pelo Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Questões Étnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEDS) do Andes-SN, que teve 1.500 exemplares impressos pela Aduff.

No mesmo período, a partir de um momento em conjunto com um coletivo de docentes negros na Universidade, a Aduff-SSind também pressionou a administração central da UFF para suspender a realização de um concurso com mais de 80 vagas que não garantiria a aplicação da legislação 12990/2014.

Após ouvir as críticas, o então reitor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega constituiu um Grupo de Trabalho para debater a aplicação da lei 12.990 de forma mais efetiva. Assim, o edital de dezembro de 2020 estabeleceu alterações ao que havia sido praticado até então e, no ano seguinte, foi instituída a primeira comissão de heteroidentificação em um concurso para professores e professoras.

Nesse contexto, assim como Sindicato Nacional de Docentes, a Aduff-SSind celebra a Lei 15.142/25, que amplia para 30% e atualiza a política de cotas no serviço público federal, com reserva de vagas em concursos permanentes e seleções temporárias. Fruto da conquista dos movimentos negros, a nova lei inclui, pela primeira vez, povos indígenas e a comunidade quilombola. É um avanço na luta por uma sociedade mais justa e equitativa, visando reparar as desigualdades raciais que marcam profundamente a sociedade brasileira. 

Mais recentemente, a Aduff se somou à campanha "Sou Docente Antirracista" do Andes-SN, produzindo camisetas para distribuir aos professores e às professoras, bem como promoveu debates sobre o tema. Exemplo está na roda de conversa "Universidade e o Combate ao Racismo", cuja discussão foi oportunizada pela socióloga Flavia Rios, à época professora e pesquisadora UFF e dirigente do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia. À época, ela atrelou sinalizou como a questão racial deve estar vinculada à luta de classe e à igualdade de gênero.

O sindicato também realizou o debate sobre o tema com as docentes Sônia Lúcio Rodrigues de Lima e Sandra Regina Vaz da Silva – ambas da Escola de Serviço Social – que apontaram como a ideologia racista serve à dominação na sociedade capitalista. Criticaram a ausência da produção acadêmica de intelectuais afro-brasileiros nas bibliografias de cursos de graduação e da pós-graduação e exaltaram o legado do Movimento Negro Unificado para a difusão de uma perspectiva de luta antirracista, anticapitalista e revolucionária.

A Aduff-SSind segue apoiando e participando de iniciativas importantes, como as do Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial (21 de março) e a campanha "21 Dias de Ativismo contra o Racismo" – momento em que entes da sociedade civil, organizações e movimentos sociais, sindicais e populares promovem ações para refletir sobre o assunto. Também integra ações que celebram a resistência afro-atlântica, a exemplo do Dia Latino-Americano e Caribenho das Mulheres Negras e a memória de Tereza de Benguela (25 de julho).

A seção sindical de docentes da UFF ainda se organiza no âmbito dos Grupos de Trabalho (GT), espaço de discussão e de formação política aberto a todos os professores e as professoras que quiser contribuir com o debate. A luta antirracista permeia diversos desses GTs, com destaque para o de Política de Classe para as Questões Etnicorraciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) e o de Política Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA).

Portanto, a Aduff-SSind está e estará ao lado de todas aquelas pessoas que precisarem de acolhimento para enfrentar quaisquer tipos de opressão na Universidade. "A Aduff reafirma a urgência do compromisso com a luta antirracista em nossa sociedade, em todos os espaços, especialmente na Universidade e escolas públicas", disse Jacqueline Botelho, mulher negra, docente da Escola de Serviço Social e dirigente do sindicato.

Para ela, a educação antirracista exige uma ação político-pedagógica comprometida com o combate ao racismo e com a construção de relações sociais que respeitem os saberes, no fortalecimento de relações sociais que valorizem as experiências antirracistas de resistência. "No campo legislativo da educação, temos 22 anos da Lei 10639/03, que prevê a obrigatoriedade do ensino da cultura negra, e 17 anos da lei 11645/08, que prevê a obrigatoriedade do ensino da cultura indígena. Ainda há muitos desafios para a implementação dessas legislações na Universidade", considerou a professora.

De acordo com ela, a Aduff considera que uma educação antirracista caminha junto com a construção de uma educação efetivamente pública, com condições de acesso e permanência dos estudantes, ampliação de concursos públicos para docentes, com reserva de vagas para as cotas raciais, e com uma práxis formativa que priorize uma relação de respeito e acolhimento entre docentes e discentes.

A Aduff-SSind também sinaliza que a Universidade Federal Fluminense tem um canal institucional para o recebimento de denúncias de práticas ou ofensas racistas, tenham elas partido de estudantes, docentes ou técnicos (as)-administrativos(as). Embora entenda os limites e contradições da ouvidoria da UFF, considera importante registrar as denúncias para que a Universidade tenha ciência dos casos de racismo institucional e seja estimulada a se implicar com a questão.

As denuncias podem ser apresentadas à equipe da Ouvidoria, mediante solicitação de agendamento pelo e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou ainda por meio eletrônico, através da plataforma Fala.BR – sistema gerido pela Controladoria-Geral da União (CGU), que integra todas as ouvidorias da Administração Pública Federal. Veja mais em https://www.uff.br/ouvidoria/

A Associação de Docentes da Universidade Federal Fluminense reitera o seu compromisso com a luta antirracista na instituição e na sociedade. Compreende que esse posicionamento é essencial no enfrentamento às diversas formas de opressão que se manifestam na atualidade. Repudia todo e qualquer tipo de racismo praticado, seja por docente, discentes, técnicos/as ou terceirizados/as. 

Da Redação da Aduff

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