Mai
02
2025

Luta pelo fim da escala 6x1 unificou manifestação do 1°de Maio no Rio de Janeiro

Docentes da UFF estiveram presentes no ato político-cultural, que contou com atrações organizadas a partir do Festival Vida Além do Trabalho

Luta pelo fim da escala 6x1 unificou manifestação do 1°de Maio no Rio de Janeiro / Vanessa Lira

A classe trabalhadora merece viver e não apenas sobreviver. Essa foi a reflexão do ato unificado do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora, que ocupou a Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro, neste 1º de maio, trazendo como pauta principal de reivindicação o fim da escala 6x1 - seis dias de trabalho e um de folga —, sem redução de salários.

Docentes da UFF estiveram presentes na manifestação unificada organizada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT); Frente Povo Sem Medo, Frente Brasil Popular; Central Única dos Trabalhadores (CUT); Intersindical; Força Sindical; Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), entre outras.

Na véspera do feriado (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu aprofundar o debate sobre o fim da escala 6×1, em pronunciamento transmitido em rede nacional. A sinalização do governo já reconhecia a centralidade que a pauta iria ganhar nas manifestações do dia seguinte, em todo o país.

Presente no ato na Cinelândia, a professora da Escola de Serviço Social da UFF, Eblin Farage, avalia que neste ano o 1° de Maio teve um caráter especial, ao apresentar o que ela considera a pauta mais progressista da classe trabalhadora dos últimos 15 anos, que é a luta pelo fim da escala 6x1, sem redução de salários.

“Talvez isso explique, em parte, como o Brasil todo se mobilizou de forma diferente para esse 1° de Maio. Nós, do movimento sindical, temos que aprender com isso para seguir dialogando, cada vez mais, com a demanda real da categoria de docentes e do conjunto da classe trabalhadora”, destacou a e ex-presidente da Aduff-SSind e do Andes-SN.

O fim da escala 6×1 também será tema do Plebiscito Popular 2025, previsto para setembro. Organizada por movimentos populares, centrais sindicais, juventudes, partidos políticos e outras entidades, a consulta tem como objetivo ouvir a população sobre temas considerados urgentes e essenciais, como a redução da jornada de trabalho, a taxação de grandes fortunas e a ampliação da isenção de imposto de renda (IR).

Para um dos entregadores de aplicativo presentes na Cinelândia, em fala em cima do carro de som do evento, sem mobilização não há conquista. Ele saudou todas e todos que participavam do ato e disse que “a luta pode contar com os entregadores”. “Recentemente, paramos o Brasil no breque dos aplicativos e agora queremos parar o Congresso. Estamos aqui e iremos ficar por qualidade de vida, para ter tempo para a família, para ter tempo para nós”, frisou.

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que altera a distribuição de dias trabalhados na semana para acabar com a escala 6x1 ainda não avançou o Congresso Nacional. O texto da PEC foi proposto no começo do ano pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), a partir da contribuição do criador do movimento Vida Além do Trabalho (VAT), Rick Azevedo, que na época trabalhava na escala 6×1 como balconista e agora é vereador da cidade do Rio de Janeiro, também pelo Psol.

“A alteração proposta à Constituição Federal reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexíveis aos trabalhadores, reconhecendo a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e às demandas por melhor qualidade de vida dos trabalhadores e de seus familiares”, diz o texto da PEC.

Vida Além do Trabalho

“A verdade dói, quem defende a 6x1 é herdeiro ou playboy!” foi uma das palavras de ordem puxadas pelos movimentos de juventude presentes no ato. Diretora do Centro Acadêmico de Serviço Social da UERJ, Brenda Marques, do Afronte, afirmou que não é à toa que a juventude preta está na linha de frente da luta contra a escala 6x1.

“A classe trabalhadora preta está nos piores locais de trabalho e essa escala sustenta a minoria branca e rica, que quer viver às custas do nossos trabalho. Por isso, precisamos dizer que a escala 6x1 é escravocrata e afirmar que é pela unidade, como a gente construiu esse dia, com as centrais sindicais, frentes, e com a juventude que vamos derrotar a escala 6x1”, reiterou.

O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Hugo Silva, concorda. “A gente sabe que a nossa juventude quando sai da escola é para o mercado informal e precarizado. Por isso estamos aqui, para dizer que a escala 6x1 é um projeto para aniquilar os nossos sonhos e para exterminar nosso futuro” disse.

Foi pensando principalmente numa vida que não é só de trabalho, mas também de sonhos que o ato do 1° de Maio contou com uma série de atrações culturais, organizadas a partir do Festival Vida Além do Trabalho.

Apresentaram-se no “palco” do 1° de Maio na Cinelândia o Baile Black Bom; a roda de samba do Moça Prosa; Monra; Chal Enigma; Neek Poeta; Tom Grito; Pérola Magalhães; Bruna Reis; Dih; Mari Torquato; Lorak; Trapre e Batalha de Rima.

“O Festival, na verdade, é a cereja do bolo daquele grito político de trabalhadores cansados, e também uma resposta política: ocupar as ruas com arte, com cultura, com discurso, com mobilização popular. É para mostrar que não há vida democrática sem descanso, sem lazer, sem salário justo, sem tempo de qualidade. É para dizer que essa luta é coletiva, é urgente e inegociável”, ressaltou João Victor Félix , integrante do do movimento Vida Além do Trabalho (VAT).

Da Redação da Aduff | por Lara Abib

 

 

Luta pelo fim da escala 6x1 unificou manifestação do 1°de Maio no Rio de Janeiro / Vanessa Lira

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